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sábado, 26 de fevereiro de 2011

Falha no host de imagens!

Oi Galera. Essa semana estou com alguns problemas com o maldito host de fotos que eu uso. Eu estava usando o Imageshack para hospedar algumas fotos, mas a porcaria do site criou um tipo de regra nova que os internautas só conseguem ver a imagem hospedada no site se tiverem conta e estiverem logados no site. Eles fizeram isso para forçar os usuários a acessar diariamente o site, aumentando a visitação e consequentemente o lucro deles.
Por isso se você não tem conta naquele site ou tem e não está logado, é provável que encontre na internet de agora em diante fotos hospedadas no Imageshack sem funcionar. No meu blog o cabeçalho, o background das sidebars e vários banners falharam e tive que reupar as imagens noutro host. Recomendo o site TinyPic.
Peço a você leitor do Blog do Ikessauro, que me avise pelo formulário de contato se encontrar foto falhando no meu blog. Vou arrumar o mais breve que eu puder. Por enquanto é só. Valeu!

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Dos Fósseis ao Plástico!


Oi Pessoal. Há algum tempo eu venho amadurecendo a ideia de fazer um site ou blog especializado em miniaturas de seres extintos e há alguns meses eu pus em prática a ideia, criando um novo blog, que provavelmente virá a ser uma extensão do Blog do Ikessauro. O blog se chama "Dos Fósseis ao Plástico" e embora o nome explique o porque da escolha, há um outra inspiração para ele que eu explico no blog em si. Leia na página "O Colecionador" um pouco mais sobre o Patrick colecionador, e também de onde tirei a ideia do nome do blog.

O link do blog é http://dosfosseisaoplastico.blogspot.com e lá você encontrará várias postagens focando na maioria em minha coleção particular, modelos que eu consigo e onde consigo, estimativas de preços e raridade, enfim, tudo sobre colecionismo deste tema. Fotos de qualidade de cada boneco acompanharão os textos. No futuro abrirei um espaço para outros colecionadores enviarem fotos de suas coleções, que serão publicadas no blog. Espero que curtam. Por enquanto é só um projeto inicial, ou seja, tem muito o que melhorar, então aguardem e aproveitem.

Você quer ser um Paleoartista?

Clique sobre a imagem para aumentar
© Felipe Alves Elias

Leia as dicas na foto e aprenda um pouquinho sobre como se tornar um paleontólogo. Imagem criada por Felipe Alves Elias. O texto está em inglês, então se você não consegue ler, use um tradutor.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Xiphactinus

Um Xiphactinus ataca um Pteranodon
© D. W. Miller
© Bonhams New York
Nome Científico: Xiphactinus audax e X. vetus.
Significado do Nome: Espada Raiada ou Nadadeira Espada.
Tamanho: até 6 metros de comprimento.
Peso: 500 quilos a 1 tonelada aproximadamente.
Alimentação: Carnívora.
Período: Cretáceo Superior.
Local: Canadá, Austrália, Estados Unidos e Europa.

Veja onde encontraram fósseis do Xiphactinus
© Mapa modificado por Patrick Król Padilha
Veja quando viveu o Xiphactinus
©Patrick Król Padilha

Finalmente o Blog do Ikessauro retornou à ativa e hoje falarei sobre um animal que acho muito interessante e que pertence a um grupo ainda não abordado aqui no blog. Ele é o Xiphactinus, um peixe predador do período Cretáceo, que chegava a medir até 6 metros de comprimento e tinha dentes enormes de 7,5 centímetros. Algumas vértebras gigantes encontradas sugerem que cresceria ainda mais, porém até que um esqueleto completo de grande tamanho seja, encontra, isso é mera especulação. Seu nome é Xiphactinus audax, que vem do latim e do grego e significa "Espada Raiada" ou em outra interpretação "Espada com Raios". Seu nome provém do fato de que seu corpo é bem alongado e estreito, parecido com o atual Camurupim, (embora não tenham parentesco), lembrando uma espada e os "raios" seriam o "ossinhos" finos das nadadeiras do animal.
O fóssil Tipo do Xiphactinus
©
Susan Liebl/Instituto Smithsonian

Outra explicação, talvez mais correta, para o significado do nome é que o pesquisador que nomeou o primeiro exemplar, descoberto por C. H. Sternberg em 1846, percebeu que os raios ósseos das nadadeiras eram grandes e chamavam a atenção. Na verdade o fóssil original, chamado fóssil Tipo por ter sido usado para criar um novo gênero, era um desses ossos da nadadeira. Esse tipo de "ferrão" parecia uma espada. Então um peixe com forma de espada cheio de nadadeiras raiadas poderia talvez ser chamado de "Espada Raiada" ou Nadadeira Espada, pois talvez usasse os ferrões da nadadeira para perir predadores. O esqueleto original tinha 3,5 metros de comprimento e Dr. Joseph Leidy foi o pesquisador que o descreveu em 1870 e deu o nome de Xiphactinus audax, pois pouco antes George F. Sternberg, o sobrinho do Dr. George M. Sternberg, enviou o original Xiphactinus para Leidy, a fim de que este o estudasse. A classificação atual deste peixe seria:
Chordata > Osteichthyes >
Ichthyodectiformes > Ichthyodectidae > Xiphactinus audax

Na verdade, Leidy havia descrito um dente encontrado em New Jersey e em 1856 o nomeou Polydonodon vetus. Segundo sua descrição, o dente era cônico, tinha bordas afiadas. Em 1865 Leidy volta a trabalhar no dente e descreve com mais detalhes. Acaba acreditando que trata-se de um dente de réptil, talvez Discosaurus ou Cimoliasaurus, pensou ele, mas como não podia determinar com precisão na hora, deixou o estudo de lado. Mais tarde seria este dente definido como uma possível espécie irmã de X. audax, o que acho imprudente, pois uma definição dessas baseada num único dente é muito apressada, para não dizer nada pior, e isso levantou questões sobre qual nome deve ser oficial para o gênero, se Polygonodon de 1856, que por ser mais velho teria privilégio, ou Xiphactinus, de 1870. Prevalesceu Xiphactinus, acredito que por falta de fósseis comprovando que esse dente pertenceu a outra espécie de fato.
Mas outra questão sobre a validade do nome Xiphactinus surgiu pelo fato de Cope ter nomeado o peixe antes de Leidy, como Portheus molossus. No entanto ele não tornou o fato oficial publicando uma pesquisa sobre o fóssil e por isso Leidy ganhou a dianteira publicando seu estudo em 1870, enquanto que Cope só o fez em 1872.
O original do estudo, também chamado de fóssil Tipo, seria um longo fragmento de 40 centímetros de comprimento, pertencente ao ferrão de uma nadadeira peitoral (USNM V52), coletada por Dr. George M. Sternberg.

Esse caso do animal já ser conhecido antes de receber um nome oficial, pois fora nomeado por Edward Drinker Cope como Portheus molossus informalmente, pode ser comparado com outro bem famoso. O nome que ganhou grande popularidade, Portheus, ainda é utilizado por algumas pessoas, incorretamente, de forma similar ao caso "Brontossauro/Apatossauro".
Um bom retrato do Xiphactinus
©
Ai'ichi Kato

O espécime Portheus molossus descrito por Cope é considerado um sinônimo júnior da espécie atualmente. Restos do esqueleto de Xiphactinus foram encontrados no Kansas, Alabama e Georgia - Estados Unidos e também na Europa, Austrália e Canadá. O Xiphactinus audax foi um peixe voraz, com pelo menos uma dúzia de espécimes tendo sido encontrados com restos de presas não digeridas ou parcialmente digeridas no estômago. Sendo tão popular, deve ter habitado os mares do globo por toda sua extensão. Deveria caçar presas como peixes, filhotes de répteis marinhos e tudo o mais que pudesse engolir inteiro. Usava seus grandes dentes cônicos de até 7,5 centímetros para agarrar a presa e feri-la, então dava um jeito de engolir o corpo da vítima como um todo.
Veja os dentes proemientes
©
Ocean of Kansas.comOs dentes são tão impressionantes que a mandíbula
poderia ser confundida com a de um dinossauro
© Ocean of Kansas.com

No entanto às vezes acabava se dando mal, porque sua técnica tinha um problema que muitas vezes matava o predador por puro deicuido. Imagine um grande Xiphactinus, 3,9 metros ou mais de comprimento, nadando nas águas rasas do mar interior da América do Norte, durante o final do Cretáceo. Ele procura uma presa em potencial e havista um cardume de peixes menores chamados Gillicus arcuatus. Prontamente ele vai se camuflando entre recifes e rochas, ou usa a iluminação como artimanha para disfarçar sua aproximação. Quando está mais próximo, dá um arranque e sem nem morder, engole inteiro um Gillicus de 1,8 metros de comprimento!
O Xiphactinus poderia pensar que ganhara o dia, enchera seu estômago e este ficaria assim por um tempo e que poderia descansar. Mas assim que ele termina de engolir a presa, esta ainda viva pois não havia sido mordida, começa a debater-se dentro do animal maior, lutando em vão por sua vida.
O Gillicus não escapa, no entanto seu predador também não, pois a movimentação da presa no estômago provoca um grande estrago nos órgão internos do predador devido aos golpes de cauda e possíveis perfurações feitas com as nadadeiras. Assim, o grande e poderoso Xiphactinus, morre com falha e hemorragia interna e afunda, caindo no lodo oceânico, com sua presa não digerida morta dentro de si. Assim, milhões de anos depois o mar após ter depositado muito sedimento sobre o peixe acaba recuando e o local torna-se o meio de um continente.
Isso ocorreu de verdade, e digo com certeza baseado em evidência fóssil. Claro que inventei a narrativa baseada num fóssil real, encontrado por George F. Sternberg em 1952, no Smoky Hill Chalk - Kansas. O fóssil de um Xiphactinus de 3,9 metros, muito completo e contendo um Gillicus inteiro, de 1,8 metros no local onde estaria o estômago, foi apelidado de "um peixe dentro de um peixe" e pode ser visto no Museu Sternberg de História Natural, em Hays - Kansas.
Foto do fóssil do "peixe dentro de um peixe"
© Museu Sternberg de História Natural

Antes de encontrarem este fóssil, talvez o mais famoso dentre todos os já encontrados desta espécie, este museu em Hays abrigava em exposição o fóssil original do Xiphactinus, o primeiro esqueleto achado. Quando o "um peixe dentro de um peixe" foi achado, substituiu o outro na exposição e o museu o vendeu para o Museu da Universidade Estadual de Nebraska, onde está hoje mantido sob o número UNSM 1495.
Um X. audax foi coletado em Gove County - Kansas, e preparado por G. F. Sternberg em 1946, continha também restos de um Gillicus mais ou menos diregido, o que indica que passaram-se algumas horas depois da última refeição do peixe antes que ele morresse.
O X. audax conviveu com uma vasta variedade de animais, em sua maioria predominantemente carnívoros. Um Xiphactinus doente ou ferido poderia ser uma presa fácil no oceano mais mortal de todos os tempos, podendo ter sido morto por Mosassauros ou pelo grande Tubarão Ginsu, cujo nome oficial é Cretoxyrhina mantelli. Há indícios fósseis de que este tubarão de mais de 7 metros devorava o "Espada Raiada". Charles F. Sternberg coletou um espécime de Cretoxyrhina grande, no Condado de Trego, que continha os ossos espalhados de um grande Xiphactinus como última refeição. O espécime foi vendido para O Museu de História Natural da Universidade do Kansas, em Lawrence, onde ainda está em exposição. Veja uma descrição de C. H. Sternberg (minha própria tradução livre do inglês) de como pode ter sido o ataque ao Xiphactinus.
Xiphactinus
© Dmitry Bogdanov

"O Portheus, agora nadando por sua vida, era o foco de tubarões que estavam vindo para atacar de todas as direções. Um deles mergulha por baixo do peixe, e recebe, para sua desgraça, um golpe de sua poderosa cauda que o coloca fora do páreo. Outro recebe um empurrão do peixe. Destemidos, outros apressam-se como uma alcatéia de lobos em torno de um Cervo ferido. Entranto muitos foram feridos na briga, e o peixe herói, pelo menos, só sucumbiu devido ao grande número de atacantes, que estraçalhou seu corpo com dentes em forma de lança, e a água ficou tingida com seu sangue, até que, enfraquecido e impotente, ele gradualmente para de lutar. Os tubarões reuniram-se para o banquete. Um deles no entanto, foi tão profundamente ferido pelo peixe que afundou até o fundo lamacento com ele. Eu (C. H. Sternberg - nota do Ikessauro) tenho preservado no Museu da Universidade do Kansas um tubarão de 7,6 metros de comprimento, e misturado em seus restos estavam os ossos de um Portheus, o resultado evidente de tal combate..."
Esse descrição pode ser encontrda no livro de Charles H. Sternberg, "Caçando Dinossauros no Red Deer River, Alberta, Canadá" (1917, p. 162). O relato de Sternberg é ficção, no entanto a cena é baseada em uma descoberta, do fóssil (KUVP 247) de um grande Cretoxyrhina mantelli, que contém ossos espalhados de um grande Xiphactinus que lhe foi a última refeição.
Fóssil de Cretoxyrhina com restos de um Xiphactinus
© Ocean of Kansas.com Cretoxyrhina atcando Xiphactinus
© Scarypet & Amin Khalehparast

Embora esse peixe só tenha sido nomeado em de 1870, há registros bem mais antigos de fósseis encontrados. Segundo Mark Everhart, do site Ocean of Kansas, há registros de trabalhos de Mantell descrevendo fósseis de um Xiphactinus em 1822 e 1833. Embora Mantell tivesse descrito os dentes e mandíbula de um desses peixes, ele o identificou incorretamente como pertencendo a um réptil, embora admitisse algumas semelhanças com a estrutura de um peixe e que sem mais estudos era arriscado deduzir a que grupo pertenceu o animal.
No entanto, Louis Agassiz no volume 5 de seu "Pesquisas sobre os Peixes Fósseis" publicou ainda outro desenho do espécime corretamente identificando que era a mandíbula dum peixe e deu a este o nome "Hypsodon lewesiensis". O espécime foi reestudado e corretamente identificado como um novo espécime de "Portheus" então baseado no número de dentes na premaxila, assim este ganhou um novo nome de espécie, mantelli, tendo este parentesco com o P. lestrio e P. mudgeii de Cope.
Ou seja, enfim, havia naquela época um confusão de nomes, com Cope sugerindo Portheus lestrio e Portheus mudgeii, Agassiz com seu Hypsodon lewesiensis e Leidy traz Xiphactinus audax. Em 1898, O. P. Hay publicou um estudo dizendo que Portheus era sinônimo júnior de Xiphactinus e embora Agassiz tenha nomeado o animal antes, como Hypsodon em 1837, descrobriu-se que o primeiro fóssil de Agassiz não era um Xiphactinus, portanto o nome Xiphactinus foi o que permaneceu válido.

Em se tratando do Xiphactinus como animal, podemos imaginar como seria seu comportamento, mas apenas supor a partir do observado em fósseis. Sabemos que era grande, tinha até 6 metros e talvez mais, dentes cônicos afiados de 7,5 centímetros quando totalmente crescidos e que no centro do focinho poderiam cruzar-se em frente a boca (um dente da direita inclinado para a esquera e vice-versa). A cor do peixe é incerta, mas provavelmente deve ter sido prateado ou de uma cor parecida com o marrom ou cinza, com manchas, para ajudar na camuflagem.
Um Cardume de Xiphactinus: observe a cor
© Science Photo Library

Comia os peixes e répteis marinhos pequenos da época, ou seja, se fosse pequeno o suficiente para engolir lá estava o Xiphactinus atacando. Porém naquele habitat praticamente tudo e todos eram predadores de animais menores, então o nosso peixe poderia virar presa de vários animais como já mencionei, especialmente se estivesse debilitado.
Durante os últimos 150 anos diversos espécimes de Xiphactinus foram encontrados, a maioria nos Estados Unidos, tendo geralmente um dos Sternberg como autor da descoberta, embora pesquisadores mais recentes estejam descobrindo espécimes também. O peixe é bem comum, tanto que vários museus tem um exemplar do mesmo e há diversas instituições pelo mundo que abrigam um exemplar. Temos como exemplo o "peixe dentro de um peixe", numerado FHSM VP-333, no Museu Sternberg de História Natural contém em seu interior o espécime de Gillicus arcuatus, este marcado como FHSM VP-334. Outro espécime de Xiphactinus audax (originalmente AMNH 322199, agora AMNH FF13102) coletado em 1901 por C. H. e G. F. Sternberg, e vendido ao Museu Americano de História Natural. Estes são só alguns poucos exemplos de tantos espécimes encontrados e isso pode sugerir que ele vivia em cardumes grandes e a população da espécie era bem vasta. É sem dúvida o maior peixe ósseo já descoberto, pois lembrem-se, Tubarões por exemplo são peixes cartilaginosos.
Cardume grande de Xiphactinus
© National Geographic

O famoso C. H. Sternberg em 1922 relatou que havia encontrado um esqueleto memorável de um "Portheus". Ele disseu (o trecho a seguir é uma tradução livre da afirmação de Sternberg) que: "o fóssil estava preservado desde as nadadeiras pélvicas até o fim da cauda, e é o maior Portheus que eu já vi. A distância entre as pontas das nadadeiras da cauda é de 1,5 metro. Em 1948, meu filho Levi encontrou um crânio e parte de um corpo de um Portheus que é tão próximo em tamanho deste que eu fiz uma montagem com os dois esqueletos. Mede 4,8 metros de comprimento e será, tenho dito, o maior peixe ósseo já coletado do Cretáceo.
Ele mal sabia que no futuro encontrariam exemplares ainda maiores do Xiphactinus, o que sem dúvida dá o título a esse peixe.
O Xiphactinus tinha nadadeiras peitorais raiadas, ou seja, a membrana da nadadeira era suportada por finos ossos, como em muitos dos peixes atuais. Só que no Xiphactinus esses "pequenos ossos" eram bem grandes, alguns chegavam a 55 centímetros de comprimento! Grandes vértebras do Xiphactinus se tornaram fósseis comuns em camadas de giz do Cretáceo. As vértebras de um indivíduo de tamanho médio teriam cerca de 5 centímetros de diâmetro e 3 centímetros de comprimento. De acordo com Bardack (1965), o Xiphactinus tinha uma média de 85 vértebras. Sabemos que o Xiphactinus crescia muito quando adulto, mas pouco se sabe de espécimes jovens. Até agora não se tem um bom fóssil de jovens ou filhotes, há apenas um fóssil parcial de um indivíduo de 30 centímetros, encontrado por Mark Everhart em 1999, que ainda não foi completamente preparado para estudo.
Este espécime de X. audax consiste de uma premaxila com um dente e mandíbulas inferiores de um indivíduo estimado em 30 centímetros de comprimento. Assim como muitos animais da época, o Xiphactinus foi extinto no Evento K-T.
Outra representação artística do Xiphactinus
© Keystone Gallery

Apesar de ser mais comum nos Estados Unidos, um crânio incompleto encontrado em 2002 na República Tcheca pode ser uma nova espécie de Xiphactinus. Estava na pequena cidade Sachov, próximo à Borohradec e foi descoberto pelo estudante Michal Matejka. Em julho de 2010 os ossos de um exemplar foram descovertos perto de Morden, Manitoba, Canadá. O espécime tem cerca de 6 metros de comprimento e foi encontrado com com a nadadeira de um Mosassauro entre seus dentes. Talvez, depois de propriamente descrito, venha a ser o maior exemplar da espécie já descoberto.
Xiphactinus comparado com peixes menores:
1 - Xiphactinus audax; 2 - Ichthyodectes ctenodon;
3 -
Cladocyclus gardneri; 4 — Chirocentrites coronini;
© Dmitry Bogdanov
O X. audax foi bem representado nos documentários sobre vida pré-histórica nos anos recentes, pois é bem imponente e até assustador, além de um importante agente em seu ecossistema. Em "Sea Monters" da BBC ele aparece, assim como em "Sea Monters: A Prehistoric Adventure" da National Geographic e também na série "Criaturas Titânicas". Em outubro de 2010, uma autoridade do Kansas anunciou que fará do Xiphactinus o fóssil oficial do estado do Kansas.
Xiphactinus de Sea Monsters
© BBC
© BBC© BBC
Xiphactinus de Sea Monsters: A Prehistoric Adventure
© National GeographicO modelo de X. audax feito para a Nat. Geo.
© National Geographic

Fontes

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Entrevista com o Paleontólogo e Paleoartista Felipe Alves Elias

Felipão caprichando no papel
©
Felipe Alves Elias

Bem pessoal, percebi que muitos de nós, amantes da paleontologia e da paleoarte, temos dúvidas sobre o assunto, principalmente aqueles que querem seguir esta área profissionalmente. Por isso convidei Felipe Alves Elias, paleontólogo e paleoartista de grande talento, que por sinal é um cara muito gente boa, para dar uma entrevista ao Blog do Ikessauro, contanto sobre sua experiência profissional, respondendo algumas perguntas que fiz a ele e que, espero, vá responder às suas dúvidas leitor do Blog do Ikessauro. Clique para ler a postagem completa e leia a entrevista na íntegra e confira alguns exemplos de ilustrações do artista que é o grande amigo Felipe!


Então vamos lá, abaixo você confere a entrevista. Enviei as pergunta ao Felipe que prontamente respondeu e gentimente concedeu autorização para a publicação, então aproveitem!

Ikessauro: Como é seu nome/se apresente.

Felipe:
Saudações a todos os leitores do Blog do Ikessauro! Meu nome é Felipe Alves Elias, nasci em 1980 na cidade de São Paulo, mas vivo na Baixada Santista, litoral do estado, há 26 anos. Hoje moro em Santos, que é a principal cidade da região, conhecida principalmente por causa da sua atividade portuária e pela tradição no futebol.

Ikessauro: Desde quando você curte paleontologia, vida pré-histórica?
Felipe: Desde quando eu posso me lembrar! Acho que muito disso vem do meu gosto pela natureza. Cresci em uma cidade litorânea, no meio da Mata Atlântica e rodeada por praias. Esse foi o “quintal” onde eu fui criado, mantendo contato muito estreito com as plantas, os bichos e o mar. Quando pequeno eu não gostava muito do barulho e da agitação das crianças da minha idade. Tinha um perfil mais contemplativo. Gostava de observar as coisas, era curioso. Fazia mil perguntas na minha cabeça. Acho que é um tipo de personalidade que combina bem com alguém que gosta de ciências, especialmente àquelas ligadas à natureza. Meu primeiro contato com a vida pré-histórica aconteceu quando eu tinha uns cinco anos de idade. Meus pais sempre deram muito valor aos livros, e tínhanos muitos deles nas prateleiras. Minha mãe tinha uma linda coleção do tipo enciclopédia, que ela guardava desde os tempos de menina. Eu ainda não sabia ler, mas adorava suas ilustrações. Havia algumas lindíssimas retratando dinossauros, e foram essas imagens que despertaram minha primeira curiosidade sobre o assunto.
Spinosaurus Aegyptiacus
©
Felipe Alves Elias

Ikessauro: Você trabalha na área de paleontologia profissionalmente?

Felipe: Sim, tenho formação acadêmica e experiência em pesquisa científica. Hoje estou um pouco afastado das coletas de campo e do trabalho no laboratório, dedicando a maior parte do meu tempo às aulas que leciono para turmas de Ciências Biológicas e Químicas, em uma universidade santista. Quando na ativa, dedico minha atenção ao estudo da dentição de vertebrados fósseis, especialmente dinossauros, crocodilos e pterossauros. Por serem muito resistentes, os dentes costumam ser encontrados com muita frequência nos registros fósseis. Mesmo um único dente isolado pode fornecer grande variedade de informações sobre a identidade, os hábitos, a fisiologia e até as relações evolutivas de certas espécies: por isso esse tipo de pesquisa mostra um grande potencial, e sempre temos trabalho interessante a fazer.

Ikessauro: Quando decidiu que era isso que queria como profissão?

Felipe:
Desde criança eu sempre soube que teria um trabalho ligado à natureza. Considerei a possibilidade de me tornar veterinário, mas com o tempo descobri que não tinha perfil para essa profissão. A opção pela paleontologia veio mais tarde. O começo da minha adolescência foi uma fase de verdadeira obsessão pelos fósseis, e acho que foi naquela época que eu comecei a tomar essa direção. Durante o ensino médio tive apoio de alguns professores muito queridos, que me ofereceram orientação valiosa sobre os caminhos e as etapas que eu precisaria vencer para atingir o meu objetivo. Foi quando eu comecei a ter certeza que aquele era o meu caminho.
E não é que o cara manda bem com os mamíferos também!
Mammuthus imperator
©
Felipe Alves Elias

Ikessauro: Qual é o melhor caminho para tornar-se paleontólogo no Brasil?

Felipe: No Brasil, como na maior parte dos outros países, não existem cursos universitários que formem profissionais de nível superior em paleontologia. Tornar-se paleontólogo significa, portanto, concluir etapas específicas de formação após a conclusão de um curso de graduação - o que chamamos de pós-graduação. É preciso ter em mente que a paleontologia é um campo de estudo multidisciplinar, que envolve várias áreas do conhecimento científico. Isso a torna uma ciência muito “democrática”, permitindo que profissionais com difererentes formações possam se especializar e atuar pesquisando fósseis. A paleontologia sempre foi um campo estreitamente ligado às ciência da Terra, em especial à geologia. A paleontologia, de fato, surgiu para atender uma necessidade prática dos geólogos vitorianos, como uma ciência aplicada que permitia a caracterização de fósseis úteis no reconhecimento de camadas geológicas de interesse econômico. Por tradição a maior parte dos programas de pós-graduação oferecidos no Brasil estão vinculados à departamentos de geociências, e pesquisadores com formação em geologia ainda são muito comuns. Os fósseis, no entanto, representam restos e vestígios da vida primitiva, e portanto, também são fazem parte da esfera das ciências biológicas. À medida que o interesse em reconstituir os hábitos de vida e as relações evolutivas das espécies preservadas no registro fóssil aumenta, um número cada vez maior de paleontólogos com formação em biologia - como é o meu caso – surge para atender essa demanda. Ainda que geólogos e biólogos juntos componham a maior fatia dos pesquisadores na ativa, a paleontologia também recebe profissionais de muitas outras áreas. Hoje alguns dos caçadores de fósseis e pesquisadores mais atuantes incluem historiadores, geógrafos, oceanógrafos e até médicos ortopedistas!
Ikessauro: Qual a área de atuação? Há mercado de trabalho e a remuneração é boa?

Felipe: A maior parte dos paleontólogos são contratados por universidades públicas e particulares, e dividem seu tempo entre a pesquisa científica e o trabalho em sala de aula, lecionando. Empresas que exploram recursos geológicos de interesse econômico, especialmente as companhias petrolíferas, também oferecem vagas para paleontólogos, que atuam no reconhecimento de microfósseis indicadores de potenciais jazidas produtoras de petróleo e gás natural. Como o número de paleontólogos no Brasil é relativamente pequeno, existem ainda várias frentes de trabalho sendo oferecidas. A remuneração varia muito, e depende de fatores como o nível de formação acadêmica, a instituição, o regime de trabalho e as atividades realizadas. Paleontólogos que trabalham em companhias petrolíferas costumam ser melhor remunerados; pesquisadores e professores titulares de universidades gozam de uma razoável estabilidade financeira, mas alunos de pós-graduação normalmente recebem auxílio financeiro através de bolsas oferecidas por entidades de apoio à pesquisa, e em geral vivem uma vida sem muito luxo.
Não vamos esquecer do Dimetrodon, outro trabalho excelente
©
Felipe Alves Elias

Ikessauro: Você trabalha com paleoarte, correto? Quanto começou a levar isso a sério?

Felipe:
Sempre gostei de paleoarte. Foi através dela que conheci a paleontologia. Mas nunca pensei em me envolver profissionalmente com isso. As coisas começaram a mudar em 2001. Na época eu estava no penúltimo ano do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, e uma das disciplinas que eu cursava era Didática. Para o exame final da disciplina eu tinha que desenvolver um projeto sobre um tema do meu interesse, que tivesse uma proposta voltada para a educação. Eu decidi então criar uma página na internet sobre paleontologia, com o objetivo de popularizar um pouco os conhecimentos dessa área. Foi assim que eu criei o portal Território dos Dinossauros. Eu ainda não era paleontólogo, mas me esforcei ao máximo para fazer um bom trabalho, de um jeito bem parecido com aquele que o Patrick hoje faz - com grande qualidade - em seu blog. Para ilustrar os textos que escrevia, solicitava a permissão do uso de imagem a alguns paleoartistas conhecidos. Nem todos autorizavam, e isso às vezes me deixava em apuros. Cansado de ficar implorando apoio, um dia decidi que eu mesmo iria ilustrar a página, o que me deixou mais livre para tocar meu projeto. Minhas habilidades na época eram bem limitadas, mas os internautas gostavam, e o Território dos Dinossauros era muito popular na época. Essa popularidade me proporcionou visibilidade, e aos poucos as pessoas começaram a me conhecer e acreditar no meu trabalho. Então surgiram os primeiros convites profissionais. Um amigo de João Pessoa me propos ilustrar um livro que estava escrevendo, e foi uma experiência muito bacana! Cheguei a produzir algumas imagens para uma matéria na revista Scientific American, e trabalhei como consultor em uma série de livros da Editora Globo, com o personagem Horácio, criado pelo cartunista Maurício de Sousa. Nada foi planejado, mas eu resolvi apostar, e sempre que um convite interessante surgia, eu aproveitava a oportunidade ao máximo. Em 2005 eu já estava desenvolvendo minha pesquisa no programa de pós-graduação da Universidade Estadual Paulista (Unesp), quando recebi o convite para produzir ilustrações para a exposição Dinos-na-Oca, a maior do gênero que já foi feita no Brasil. Foi uma experiência incrível, e poder ter feito parte dela foi um grande presente. Muitas portas desde então se abriram. Trabalhei em vários projetos diferentes, todos incríveis. O mais recente deles foi o livro O GUIA COMPLETO DOS DINOSSAUROS DO BRASIL, escrito pelo Prof. Luiz Anelli, da Universidade de São Paulo, que está sendo muito bem recebido pelo público.

Ikessauro: O que é preciso para ser um bom paleoartista?

Felipe: O primeiro ponto – e o mais óbvio - é ter alguma habilidade ou treinamento em artes. Pode ser ilustração, escultura ou até mesmo modelagem digital. A arte é o instrumento pelo qual o paleoartista transmite o conceito! Cada profissional desenvolve o seu próprio estilo, aperfeiçoando uma determinada técnica que vai se adequar a um tipo específico de mídia. A paleoarte pode ser representada por imagens, réplicas ou modelos criados digitalmente. Modelos em vida dos seres pré-históricos, seja em escala ou tamanho natural, são peças sempre atrativas em exposições abertas ao público. Paleoartistas que atuam em museus, assim, atendem uma grande demanda de trabalhos dessa natureza, necessitando desenvolver técnicas especiais para reproduzir peças com o máximo de detalhe, capazes de agradar mesmo os olhos dos observadores mais atentos. Outros paleoartistas atendem principalmente projetos destinados à mídia impressa, como livros, encartes, pôsteres, álbuns de figurinhas, jornais e revistas. Esse é o tipo de veículo em que a ilustração tem um impacto muito grande, e várias técnicas de pintura e desenho tradicionais ou digitais podem ser igualmente aplicadas. A demanda mais recente, que vem ganhando muita visibilidade, corresponde às reconstruções digitais. Hoje temos alguns excelentes paleoartistas brasileiros atuando nesse segmento, e seus trabalhos podem gerar animações realistas veiculadas em video-documentários, softwares interativos ou páginas web. Mas se a habilidade artística é o instrumento de ação da paleoarte, a ciência é a fonte de todo o conceito. Ela orienta a prática, revela os caminhos e as escolhas a serem tomadas. Por isso ainda que trabalhe sob a supervisão atenta de um paleontólogo, o paleoartista profissional precisa conhecer bem o seu objeto de estudo: precisa entender de anatomia, de fisiologia, de biomecânica, de ecologia, de geologia e de várias outras disciplinas associadas. São esses conhecimentos que o capacitam a interpretar as informações fornecidas pelos fósseis e reproduzir esses dados no trabalho prático. Não existe paleoarte sem ciência. Criaturas ditas “pré-históricas”, que aparecem com frequência em desenhos animados como “Os Flinstones”, filmes como “O Parque dos Dinossauros” e séries como “Invasores Primitivos” não podem, portanto, ser consideradas como resultado do trabalho paleoartístico.

Ikessauro: O que sugere aos que desejam seguir a carreira de paleontólogo e/ou paleoartista?

Felipe: O que eu aprendi com o tempo é que uma carreira nessa área se constrói da mesma forma que em qualquer outro campo profissional. Seriedade e ética não são requisitos opcionais, são fundamentais. Construir uma boa reputação é um processo lento e muito trabalhoso, mas basta um erro para colocar tudo abaixo. Vale todo o cuidado para não ser pego na armadilha do deslumbramento! A paleontologia é dinâmica, e a cada nova descoberta conceitos são revistos: idéias antigas são abandonadas na mesma velocidade que outras tomam o seu lugar. A ciência nos coloca sempre diante do abismo da nossa própria ignorância: sejam, portanto, humildes e jamais fechem a mente para aprender coisas novas. Por fim, busquem sempre um diferencial. Explorem campos que outras pessoas ainda não exploraram. Aproveitem as oportunidades com responsabilidade e sabedoria. Destaquem-se. Façam a diferença.

Ikessauro: Cite quais são seus maiores referenciais como paleoartista. Em outras palavras, quais profissionais da área você admira mais?

Felipe: São muitos, com certeza! Zdenêk Burian, Douglas Henderson, John Bindon, o casal Czerkas, os irmãos Kennis, John Gurche, James Gurney, Michael Skrepnick, Gregory S. Paul são apenas alguns exemplos, profissionais consagradíssimos e admirados por todos. As gerações mais atuais de paleoartistas também contribuem com nomes que eu respeito muito, como os já bem conhecidos Raúl Martin, Maurício Antón e David Krentz, além de Julius Csotonyi, que vem se destacando com trabalhos muito bacanas. Mas há três que, acima de todos, exercem uma influência enorme no meu trabalho e nas minhas escolhas, e por isso eu reservo sempre uma menção especial a eles. Um é Mark Hallett: ele tem um trabalho maravilhoso, que eu acompanhei desde a minha infância. Suas ilustrações sempre me encantaram, e influenciaram de forma muito marcante a minha escolha pela paleontologia como profissão. Hallett começou como ilustrador da vida selvagem, e transferiu toda essa vivência para as suas reproduções da vida pré-histórica: o trabalho anatômico e volumétrico que ele imprime nas suas restaurações confere uma veracidade aos animais que retrata como poucos conseguem fazer. Outro paleoartista que admiro bastante é o Jorge Blanco. Em muitos aspectos o trabalho dele é semelhante ao do Hallett, mas o Blanco tem um perfil muito próprio, uma estética que é incrível. E ele não é apenas um grande ilustrador, mas também cria modelos tridimensionais de uma qualidade impressionante. Em 2009 eu tive a felicidade de conhecê-lo pessoalmente em um encontro de paleoartistas sediado na cidade do Rio de Janeiro. Pudemos conviver por uma semana e foi uma troca de experiências muito positiva. Por fim não posso esquecer de Todd Marshall: a maior parte das pessoas reconhece facilmente a influência dele quando tem contato pela primeira vez com o meu trabalho. O Marshall se tornou popular restaurando dinossauros, e é muito conhecido por incluir adornos dérmicos muito elaborados nas suas restaurações. O resultado são dinossauros cheios de atitude, com um visual que chega a ser considerado exagerado, ainda que seja muito mais parcimonioso com as conclusões científicas recentes do que as escolhas mais conservadoras, que vários paleoartistas preferem adotar seguindo uma escola de pensamento que vem sendo enfraquecida pela pesquisa paleontológica nos últimos 10 anos.

Ikessauro: Quais seus objetivos ou metas mais importantes para o futuro, como paleoartista?

Felipe: A última década foi muito positiva para a paleontologia e, consequentemente, para o trabalho dos paleoartistas. Até os anos 90 quase não haviam exposições de fósseis no Brasil, e a maioria das pessoas jamais havia ouvido falar em dinossauros. Então, entre 1992 e 1993, quando começava a ser exibido na televisão o seriado “Família Dinossauro”, e logo depois era lançado o filme “O Parque dos Dinossauros”, houve uma grande explosão de popularidade dos dinossauros. Esse foi um marco muito importante, porque os brasileiros começaram a se interessar pelo assunto. A partir os museus brasileiros começaram a implementar suas exposições paleontológicas e surgiram boas oportunidades de atuação para os paleoartistas. Hoje nosso trabalho tem uma boa visibilidade - nos museus, nas exposições temporários, nos livros e até na internet. O público aprecia bastante o que fazemos, o que é muito gratificante! Ainda somos poucos, mas o nível profissional dos colegas brasileiros é alto. E embora nossa comunidade seja muito pequena, cultiva-se uma grande cumplicidade entre todos. Os estreantes são sempre recebidos com muito carinho e generosidade pelos mais experientes, e sempre há espaço para troca de experiências. Isso não é o tipo de coisa que se vê com frequência entre paleoartistas de outros países: lá a competitividade às vezes é bem agressiva, e esse é um grande ponto a nosso favor. Mas o caminho da paleoarte no Brasil ainda oferece muitos obstáculos, tanto para os profissionais mais experientes, como para aqueles que ainda estão tentando ingressar nesse meio. A maior dificuldade é encontrar oportunidade de trabalho fixo! De todos os paleoartistas brasileiros que conheço, talvez apenas um ou dois atuam hoje em regime de dedicação exclusiva. A grande maioria oferece serviços como freelance, ou seja, são contratados à medida que os projetos vão surgindo. Quando o projeto termina, são remunerado e sua participação também chega ao fim. A paleoarte é uma atividade multidisciplinar, que exige do profissional muito tempo de dedicação. Talvez muitas pessoas não acreditem, mas paleoartistas também precisam sobreviver, têm despesas e contas a pagar! Apesar da melhora na visibilidade de nosso trabalho nos últimos anos, os projetos não batem à porta todos os dias. Para garantir um rendimento financeiro mínimo, precisamos dividir nosso tempo com outras atividades. Vínculo profissional não representa apenas estabilidade financeira, mas também proporciona melhores condições de trabalho e oportunidade de aperfeiçoamento. Infelizmente a maior parte dos grupos de pesquisa paleontológica que atuam hoje nos museus e nas universidades não oferece oportunidade de trabalho regular para paleoartistas. É irônico, e aos mesmo tempo triste, constatar que nossos parceiros estejam tão pouco motivados a nos proporcionar essa integração. Quanta coisa bacana essas parcerias a longo prazo poderiam render! No momento meu maior desejo é que as coisas mudem nesse sentido. Há muita gente boa chegando por aí, mas sem muita perspectiva. E o que é pior: muitos paleoartistas bons estão desistindo, abandonando tudo pela promessa de um futuro mais promissor em outras atividades. É muito triste ver todo esse talento desperdiçado. É uma perda muito grande! Espero sinceramente que os rumos mudem, que as mentalidades mudem também, que portas se abram, e que ganhemos o carinho e o respeito que realmente merecemos. Pois somos comunicadores, a voz cientista junto ao público. Somos guardiões da memória, pois nossas mãos registram a história da paleontologia, das ideias e das mudanças. Acima de tudo nossos trabalhos cativam corações, inspirando nas novas gerações o despertar de futuros paleontólogos.

Bem, agradeço muitíssimo ao grande amigo Felipe, por ter concordado em prestar a entrevista ao Blog do Ikessauro e embora não o conheça pessoalmente, nos falamos apenas via internet, acredito que o Felipe é um cara excelente como pessoa e como profissional. Espero um dia ter a oportunidade de encontrá-lo. Até lá deixo um grande abraço a este nosso profissional que vem já há alguns anos fazendo um ótimo trabalho na divulgação científica na internet e com sua arte. Aqui nesta postagem temos apenas 3 de suas obras mais recentes, mas garanto que você caro dinófilo deve lembrar de ler o nome dele em diversas postagens aqui no Blog do Ikessauro, pois com alegria recebi autorização do Felipe já faz algum tempo para usar suas obras aqui, creditando tudo certinho é claro. Se quiser conferir mais do trabalho dessa figura, acesse uma das páginas pessoais dele.

Ele "desfossilizou" o Território dos Dinossauros recentemente e embora eu não tenha conhecido o site original, acredito que essa versão blog dele é tão bom quanto, senão melhor. Para aqueles que querem conferir mais trabalhos artísticos do Felipe, podem acessar seu outro blog pessoal, Felipe Alves Elias, onde encontrará diversos exemplos de suas ilustras e contato para trabalhos, consultoria e tudo mais. Outra página que vale a pena conferir é seu perfil e galeria no site Deviant Art. Basta clicar no nome de cada página ou acessar pelos banners da coluna de parceiros aqui do blog.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Dinossauro (2000)

Ninho do qual veio o ovo de Aladar
© Disney


Nesta postagem pretendo passar a você um pouquinho sobre o filme de animação da Disney, intitulado Dinossauro (Dinosaur), lançado no ano 2000. O filme foi completamente feito em computação gráfica com uso de cenários reais, às vezes modificados digitalmente, para inserção dos animais/personagens. Isso mesmo, o filme tem personagens, pois os dinossauros são "humanizados", falam, embora sejam, de certa forma, ainda assemelhados aos dinos reais. Bem, então vamos lá, clique no botão "Leia Mais" aí em baixo e divirta-se.


terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Nos Primórdios da América (2010)

T.rex
© Discovery Channel
E aí pessoal, hoje estou trazendo mais uma postagem para você aí, que curte documentários sobre vida pré-histórica! Desta vez falarei um pouco da série do Discovery Channel chamada "Nos Primórdios da América". Definitivamente não sei o nome original da série, apenas o de cada episódio. Até onde vai meu conhecimento, a série conta com 6 episódios, cada um focado numa cidade dos Estados Unidos, onde criaturas pré-históricas foram encontradas... ou não. Ficou curioso para saber como são os episódios, que animais aparecem em computação gráfica e o porque deveriam mencionar a falta de fósseis de um local? Então o que está esperando meu caro dinófilo, clique logo em Leia Mais e veja a postagem completa!


Antes de mais nada, aqui vai novamente (acho que já fiz isso em outra postagem) uma crítica ao uso da palavra América como sendo o país Estados Unidos. Pra mim (brasileiro falante da língua portuguesa) América é o continente todo e não apenas o país a que muitos se referem como tal. Depois disso vamos ao que interessa, o documentário em si.
A série é um tanto quanto desconhecida o que prejudica na hora de pesquisar sobre ela, por isso não descobri o nome da série em inglês, apenas sei o nome de cada episódio. Na verdade são nomes simples, pois chamam o episódio de "Nome da Cidade + Pré-histórica". Essa explicação ficou confusa, então veja abaixo os nomes originais dos episódios:
  • Prehistoric New York
  • Prehistoric Los Angeles
  • Prehistoric Chicago
  • Prehistoric Dallas
  • Prehistoric Denver
  • Prehistoric Washington D.C.
Primeiro de tudo tenho que dizer que não é um documentário no estilo de "Caminhando com os Dinossauros", pois além de tratar de dinos, aborda também diversas outras eras geológicas e suas faunas, incluindo mamíferos, peixes, invertebrados etc. Além do mais, também conta com a participação constante de paleontólogos como narradores adicionais, que vão explicando as características dos ambientes e animais foco de cada trecho da série. Pode ser comparado ao estilo de "Quando os Dinossauros Reinavam na Terra", porém bem mais permeado por opiniões de especialistas e com menos apresentação de animais em CG em seu habitat.
Temos como foco então as seguintes cidades dos Estados Unidos, em ordem de apresentação. New York (Nova Iorque se preferir), Los Angeles, Chicago, Dallas, Denver e por último a capital Washington D.C. finalizando. Aqui você confere um resumo detalhado de cada episódio e algumas imagens retiradas de cenas do programa.

Episódio 1 - New York: Nossa primeira parada é na Nova Iorque pré-histórica de 12.000 anos atrás, no fim do período Pleistoceno, quando a Ilha de Manhattan não era ainda uma ilha, não passando de uma colina. A "Grande Maçã", como chamam a cidade hoje, era habitada por Mastodontes e estes devem ter se estabelecido na região pela variedade de plantas e clima mais convidativo para este tipo de animal.
Os paleontólogos aparecem explicando o clima da Era Glacial e dizem que acredita-se que os Espinheiros da Virgínia, um tipo de árvore que consegue produzir galhos espinhentos em torno de si mesma e de suas raízes, elaborou este mecanismo de defesa para proteger-se de ser devorada por manadas de Mastodontes na Era Glacial. Tais árvores podem ainda ser vistas na cidade de New York, nas calçadas da Quinta Avenida, porém com os espinhos cortados para evitar ferir os pedestres. No entanto no Central Park há um exemplar com os espinhos totalmente desenvolvidos, não foram podados por não oferecer perigo, sendo que estão em local mais retirado. Continuando, os cientistas explicam que haviam um grande predador em New Iork naquele período.
Era o Arctodus ou Urso de Cara Achatada era um dos predadores do local e não era páreo para nenhum animal daquela terra pantanosa, repleta de pequenos lagos. Nesses lagos vivia o Castor Gigante, um enorme roedor que era muito maior do que se primo atual. Os cientistas sugerem que talvez fosse caçado pelo Urso e mostram as ferramentas de caça do grande carnívoro.
Arctodus - O Urso de Cara Achatada
© Discovery ChannelCastor Gigante
© Discovery Channel

Como falam da famosa Era do Gelo, nos contam que há 22 mil anos, New York foi engolida por uma geleira gigante no auge da Era Glacial, que começou a derreter e acabou deixando no local montes de sedimentos que estavam no meio do gelo e que hoje podem ser encontrados no solo da cidade.
Mas durante o Cretáceo, há 70 milhões de anos, o mar cobria a região e a tartaruga marinha gigante Archelon caçava presas com seu bico afiado. Os experts nos animais explicam que eram enormes tais répteis e que sua carapaça era mais macia que a das tartarugas atuais. Mas tais seres eram presas em potencial para os Mosassauros gigantes, suponho que seja o Tilossauro, dado que o tamanho era de cerca de 12 metros. Não falam o nome específico dele, por isso adivinhei. Eles também habitavam tais mares e ali caçavam os maiores quelônios do Cretáceo. Muitos outros animais habitavam esse nicho marinho, como moluscos e diversos tipos de répteis marinhos e peixes.
Já falando do período Triássico, damos uma espiada há 200 milhões de anos, vendo o Postosuchus aterrorizar a região comendo dinossauros como o Coelophysis.
Postosuchus© Discovery Channel
Postosuchus espreitando um Coelophysis
© Discovery Channel
O pesquisador explica que com a extinção do fim do Triássico, surgem dinossauros como o Dilofossauro, que começam a dominar o ambiente como predadores. Quando a Pangéia se desmonta, com a separação do continente em partes, Nova Iorque está bem perto do acontecimento e mantém indícios do fato.
Dilofossauro
© Discovery Channel © Discovery Channel Dilofossauro pescando: um nova hipótese de comportamento desse dino
© Discovery Channel

No Ordoviciano, há 450 milhões de anos, os Escorpiões do Mar, ou Euripterídeos, se aventuravam em terra firme pela primeira vez. Comiam de tudo o que achavam.
Escorpião do mar
© Discovery Channel
© Discovery Channel

Por último conferimos a maior cordilheira da história da Terra, que surgiu com o choque do que hoje é a América do Sul com a América do Norte, formando montanhas de 9 mil metros de altura.
As cordilheiras formando-se com o choque continental
© Discovery Channel

Sempre os narradores, tanto o narrador original quanto os paleontólogos, ressaltam que assim como hoje New York é o centro dos acontecimentos do mundo moderno, esteve no centro de diversos eventos importantes da história geológica da Terra.

Episódio 2 - Los Angeles: A cidade conhecida pelos astros do cinema também teve seus astros pré-históricos. Partindo do conhecimento fornecido pelos fósseis perfeitos do poço de piche no centro da cidade, vamos para 20.000 anos atrás, conhecer os gigantes da Era do Gelo.
Mamutes Colombianos em L.A.
© Discovery Channel

Grandes manadas de Mamutes Colombianos e famintos Smilodontes vagavam na área naquele tempo. Vemos como os animais, iludidos pela superfície brilhante dos poços de piche, acabavam atolados ao tentar beber água no local e morriam lentamente, de fome ou afogados, tudo acompanhado de explicações de paleontólogos.

O Smilodon era outro animal da área
© Discovery Channel

Os Poços de Piche de La Brea em Los Angeles é um dos poucos lugares no mundo onde ainda hoje o petróleo cru verte na superfície. Quando animais grandes como Mamutes e Preguiças Gigantes atolavam no piche, atraiam predadores, que achando ter encontrado comida fácil acabam presos no lodo também, nos contam os pesquisadores.

O Mamute preso no piche vira presa fácil
© Discovery Channel
O tigre ataca, mas logo ficará preso no piche também

© Discovery Channel
Voltando para 80.000 anos atrás, vemos os animais presos no piche, como Mamutes, Bisões e Preguiças, atraindo predadores como o Smilodon e Lobos Pré-históricos, que atacavam os herbívoros indefesos e também acabavam atolados.
O Lobo Pré-histórico: milhares dele foram encontrados no piche
© Discovery Channel
Provavelmente a alcatéia tentava atacar Bisões atolados
© Discovery Channel

Agora o episódio retorna a 20 milhões anos e então os caçadores de fósseis nos dizem que o local estava coberto por mar e que era dominado pelo enorme Megalodon, o tubarão gigante. Ele aparece comendo baleias primitivas.
Megalodon
© Discovery Channel

Alguns milhões de anos antes, o choque das placas tectônicas forma a Falha de San Andreas, uma rachadura na rocha do continente exatamente na região de L.A., fazendo com que haja terremotos frequentemente na cidade e que todos vivam na espectativa de um terremoto gigante, que segundo os especialistas, vai ocorrer com certeza, só não se sabe quando.
Falha de San Andreas
© Discovery Channel

De volta ao Cretáceo, 100 milhões de anos atrás, conhecemos um dos predadores de Los Angeles, o Albertossauro, que atacava o hadrossaurídeo Parassaurolofo nas praias daquele habitat.
Parassaurolofo
© Discovery Channel

Infelizmente os paleontólogos só chamam o herbívoro de "Hadrossauro", o que é um nome mais genérico. O interessante deste trecho é que mostram uma nova hipótese sobre o uso do grito destes animais. Os Parassaurolofos, ao serem atacados em uma praia por um Albertossauro, em vez de fugirem ou gritarem apenas para alertas os demais sobre o perigo, param de frente para o predador e todos juntos gritam muito alto e continuamente. Isso evita que o animal predador chegue mais perto, pois teoricamente o som afetaria seu cérebro.
O Albertossauro caça pela praia...
© Discovery Channel
E não consegue seu jantar...
© Discovery Channel
Mas mesmo assim, se o Albertossauro fosse capaz de isolar um animal do bando, conseguiria abatê-lo diz um dos paleontólogos.
Até fazer uma segunda tentativa separando um membro do bando
© Discovery Channel

Enquanto isso, na água um enorme Tilossauro nada. Apresentam-nos então o Elasmossauro, como um dos répteis marinhos que habitou L.A. no Cretáceo e explicam seu modo de vida em geral. Depois aparece uma explicação sobre o Tilossauro, genericamente chamado de "Mosassauro" e este aparece caçando o Elasmossauro.
Elasmossauro
© Discovery ChannelTilossauro
© Discovery Channel
Tilossauro atacando jovem Elasmossauro
© Discovery Channel

Por último uma breve explicação sobre como se formou o petróleo na região e como este vazou e tornou-se o poço de piche mais famosos do mundo, o de La Brea, que hoje é local de incontável riquezas fósseis.
Esquema da formação do poço de La Brea
© Discovery Channel


Episódio 3 - Chicago: Neste episódio, aprendemos que a cidade fica à beira do Lago Michigan, perto do Rio Mississipi. Depois de nos mostrar como o lago modificou-se ao decorrer de milhares de anos, voltamos no tempo. Neste local há 13 mil anos, durante o Pleistoceno, uma enorme geleira no lago Michigan matinha a água a 8 quilômetros da costa atual, porém estava derretendo. O local exato da cidade estava coberto com 12 a 15 metros de água e só duas ilhas mantinham-se acima do nível do lago. Hoje tais ilhas são colinas no meio da cidade. Nesta ilhas viviam os Mastodontes Americanos e Mamutes Lanudos, parentes dos Elefantes atuais.
Mastodontes
© Discovery Channel
Pesquisadores aparecem caçando fósseis na região da cidade, em um charco que um dia foi um lago. Eles contam que a movimentação do solo através de milhares de anos espalhou os ossos dificultando o trabalho. Em seguida, aprendemos a diferença entre os Mastodons e Mamutes, e que não são ancestrais dos Elefantes, mas sim apenas parentes distantes.
Mamute
© Discovery Channel
Os pesquisadores acreditam que assim como em outras regiões do continente, o Povo de Clóvis caçava Mastodontes e Mamutes com suas lanças e flechas de pedra, pelo menos até 10.000 anos atrás, quanto eles e praticamente toda a Megafauna sumiram.
Povo Clovis caçando Mastodonte
© Discovery Channel

Alguns culpam os humanos, outros as doenças que podem ter surgido com o Grande Intercâmbio de Espécies ou ainda mudanças climáticas. Enfim, tudo ainda é um mistério quando se trata da extinção da Megafauna. Mas um mistério maior ainda em Chicago é quais dinossauros viveram ali. Não ha nenhum registro fóssil de dinossauro na cidade. Isso ocorre porque não foram encontradas as camadas de rocha da Era Mesozóica, elas simplesmente sumiram. Acredita-se que foram desgastadas pela erosão da chuva, vento e gelo da Era Glacial, esclarecem os pesquisadores.
Pesquisadora explica a falta de fósseis de dinossauro
© Discovery Channel
Que os dinossauros viveram em Chicago não se tem dúvida, mas que tipos viveram naquele local? Para ter uma ideia da fauna mesozóica de Chicago, visitamos o lugar mais próximo onde foram achados dinossauros, o Missouri.
Com base nos dinossauros vizinhos, mostra-se que há 70 milhões de anos o local era coberto por uma floresta tropical, onde provavelmente Hadrossauros comiam o dia todo. Além disso, tiranossaurídeos devem ter habitado a região e faziam dos hadrossauros suas presas favoritas.
Hadrossaurídeo
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Tiranossaurídeo
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Enquanto que faltam evidências da Era Mesozóica, há fósseis do período Permiano, datados de 260 milhões de anos atrás, quando Chicago não era nada tropical, pelo contrário, era um local árido, situado no interior da Pangéia, bem na linha do Equador.
Estudos perceberam que o local foi alvo de um meteoro durante aquela época e que causou enorme devastação.
Cratera
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Em seguida o documentário passa para o Carbonífero, há 300 milhões de anos. Chicago também estava na Linha do Equador neste período, porém no litoral, o que fazia com que houvessem florestas na região.
Neste ambiente viviam artrópodes gigantes, como o Arthropleura, uma centopéia de 3 metros de comprimento, além de uma enorme libélula carnívora de 80 centímetros.
Arthropleura
© Discovery Channel
© Discovery Channel

No entanto o mais bizarro animal que viveu ali era o Monstro de Tuli, um tipo de verme aquático que não se sabe exatamente que tipo de animal era, era parecido com verme, molusco e até peixe em certo aspecto, mas sua natureza ainda é um mistério diz o paleontólogo que nos apresenta o animal.
Monstro de Tuli
© Discovery Channel

Há 435 milhões de anos, no período Siluriano, Chicago era mar e estava repleto de moluscos de concha alongada, cefalópodes do grupo dos nautilóides. Ele se alimentava dos Trilobitas, um tipo de artrópode marinho.
Cefalópode ataca Trilobita
© Discovery Channel
Trilobita
© Discovery Channel
O solo marinho cheio de corais daquele mar, depois de tanta sedimentação e fossilização gerou o leito rochoso usado de alicerce para os edifícios de Chicago.

Dallas: No episódio que nos mostra a Dallas da pré-história, voltamos á diversas eras geológicas e conhecemos muitos dos animais que viveram no local. Sempre lembrando de uma mania dos texanos, o narrador diz que neste estado todos afirmam que as coisas são maiores. Há 11.000 anos, durante o Pleistoceno, humanos caçavam Mamutes Colombianos, a maior espécie de elefante que já existiu. Perto do fim da Era do Gelo, o Povo de Clóvis caçava estes enormes animais, como comprovado pelas marcas de facas rústicas nos ossos.
Um pequeno grupo de Mamutes
© Discovery Channel
Viajando mais ainda, vamos para 50 mil anos atrás, quando vemos um bando de Mamutes afoga-se num rio durante uma inundação, e aí os pesquisadores explicam que há indícios de que uma mãe Mamute morreu segurando seu filhote acima da água com suas presas, na tentativa de salvá-lo.
A chuva começa a inundação
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Infelizmente para os Mamutes, não foi possível vencer a correnteza do rio e a morte os pegou. Além disso, outros perigos rondavam os Mamutes naquela época, como o Homotherium, também conhecido como Tigre-dentes-de-cimitarra, sobre o qual os cientistas nos explicam tudo e assim vemos tal carnívoro em ação, através da computação gráfica.
Homotherium
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De volta 100.000 anos atrás, mostram alguns Mamutes e retornam para 11 mil anos, mostrando ataques do Homotherium.
Os Homotheriums abateram um filhote de Mamute
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Então conhecemos o tatu de 2,5 milhões de anos, um enorme gliptodontídeo norte americano. Ele sobreviveu até perto do fim da Era Glacial, pois era um animal bem adaptado e com fortes proteções.
Homotheirum ataca o Gliptodon inutilmente
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Até a cabeça deste animal é blindada e imune
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No entanto, em um tempo ainda mais antigo, há 86 milhões de anos, a cidade era coberta pelo mar interior que no Cretáceo cortava toda a América do Norte. Ali dois gigantes marinhos lutavam pelo domínio da região. Um deles era o mosassaurídeo Tilossauro e o outro, o enorme tubarão Cretoxyrhina. Neste trecho vemos diversos seres marinhos daqueles mares, como Plesiossauros e outros répteis marinhos e explicações sobre o clima e ambiente da época, bem como sobre o comportamento dos animais.
Cretoxyrhina
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Voltando um pouco, para 92 milhões de anos, conhecemos o Dallasaurus, um réptil primitivo que acredita-se ser o ancestral dos Mosassauros, um animal que tinha origem terrestre e que estava adaptando-se à vida marinha.

Dallasaurus entrando na água
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De volta 98 milhões de anos atrás, um ornitópode estranho nos é apresentado. Este seria o Protohadrosaurus, uma espécie intermediária entre Iguanodontídeos e Hadrossaurídeos. Segundo os paleontólogos ele estaria desenvolvendo a dentição mais eficiente dos Hadrossaurídeos e deixando para trás os dentes robustos tradicionais dos Iguanodontídeos.
Protohadrosaurus
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© Discovery Channel

Há 113 milhões de anos um Acrocanthosaurus aparece caçando um saurópode gigante numa praia, o que os pesquisadores ajudaram a fazer em computação gráfica, reconstruindo a cena deixada marcada por suas pegadas e de suas presas no rio Paluxy. O herbívoro devia ser Paluxysaurus, o dinossauro oficial do do Texas.
Paluxysaurus comem folhas de uma árvore
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© Discovery ChannelAcrocantossauro
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Mas os fósseis que tornam o Texas bem rico provém de 325 milhões de anos, pois eram de Zooplâncton, animais microscópicos marinhos que originaram o petróleo e o gás natural que hoje rende muito ao Texas com a extração e comercialização do mesmo. Afinal, o Texas foi mesmo uma terra de grandes coisas desde os primórdios da vida na terra.
Zooplâncton
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Denver: Novamente começamos conhecendo a cidade foco do episódio, neste caso Denver e depois vamos direto à 25.000 anos atrás, quando Mamutes Colombianos (de novo??) ainda vagavam naquelas terras. Há uma possibilidade de terem sido caçados por humanos, o que contradiz a ideia de que os humanos só apareceram no local há 13 mil anos.
Bando de Mamutes
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Já no Eoceno, há 37 milhões de anos, conhecemos o Archaeotherium, um entelodontídeo que vivia caçando o Oriodonte, um tipo de mamífero muito comum naquele tempo. Mas uma gigantesca erupção vulcânica acaba com a festa do porco predador, que acaba morto junto com sua presa.
Archaeotherium
© Discovery Channel
© Discovery Channel
Oriodon
© Discovery Channel

Pulando para 66 milhões de anos atrás, pesquisadores dizem que os Triceratops vagavam no que hoje é o meio da cidade e eram atacados pelo temível Tiranossauro rex.
A seguir paleontólogos relatam como fósseis do Tiranossauro foram achados em Denver e como há evidências fósseis de que o animal de chifres foi mordido pelo predador e depois curou-se, significa que ele atacava os herbívoros ainda vivos.
T.rex avança sorrateiro
© Discovery Channel
O Triceratops nota sua presença e revida
© Discovery Channel
O terópode morde o chifre
© Discovery Channel
Acaba vitorioso
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Muito brevemente lembram a extinção do Cretáceo e logo voltam mais um pouco no tempo, para 85 milhões de anos, quando a cidade era um mar repleto de bestas famintas. Novamente e de forma um tanto repetitiva, mostram como vivia o Elasmossauro, o Tilossauro (virou rotina) e para variar, os Pteranodons, que morreram no mar interior há tanto tempo.
Pteranodons cortam os céus
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Mas antes do mar cobrir parte do continente outros dinossauros viveram em Denver e deixaram inúmeras trilhas de pegadas. Isso ocorreu no Jurássico, quando gigantes caminhavam na lama de uma floresta vistosa. Apatosaurus aparecem comendo folhas, embora sejam estranhos e aparentemente são modelos de CG do Astrodon, reaproveitados do episódio de Washington. Logo em seguida conhecemos o dinossauro oficial do Colorado, o Estegossauro.
Estegossauro© Discovery ChannelEle bombeava sangue para as placas, deixando-as avermelhadas
© Discovery Channel
Servia de atrativo sexual
© Discovery Channel
Depois de saber o básico sobre o velho Estegossauro, passamos a conhecer as montanhas rochosas, que demarcam a paisagem de Denver. Então passamos para 300 milhões de anos atrás, quando as Rochosas Ancestrais surgiram, que eram montanhas igualmente impressionantes.

Washington D.C.: Depois de uma breve abordagem sobre o terreno da cidade, voltamos ao Mioceno, há 14 milhões de anos, quando o mar que costeava Washington era o lar do gigantesco Megalodon, que dominava a área (reciclagem de novo...).
Pesquisador fala do Megalodon
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Aprendemos como funcionava o ataque do Megalodon e então passamos a ver um habitante da terra do mesmo período, um mamífero carnívoro chamado Amphicyon, também popularmente conhecido como Cão-Urso. Ele caçava os abundantes Pecaris, porcos selvagens que eram a presa mais comum naquele ambiente.
Cão-Urso
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Pecari
© Discovery Channel
Cão-Urso espreita os Pecaris
© Discovery Channel

Regressando ainda mais nas eras geológicas, vamos parar há 35 milhões de anos, no Eoceno, quando Washington era tomada por um ambiente tropical que foi dizimado por um meteoro de 3 quilômetros de diâmetro ao se chocar com o Oceano Atlântico, a uns 300 quilômetros de distância da cidade.
Depois de ver os efeitos do impacto, viajamos para 110 milhões de anos, a era dos dinossauros, para conhecer o Astrodon, um dos gigantes saurópodes que viveu no Cretáceo na capital dos Estados Unidos.
Astrodon
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Estes gigantes eram caçados pelo Acrocanthosaurus (tá virando clichê), que usava seus braços musculosos para ajudar no abate da presa.
Acrocanthosaurus
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Uma cena legal é o ataque do Acrocantossauro ao Astrodon em um campo aberto. Ele aproxima-se, e o saurópode vira para fugir correndo, mas é atacado pelo flanco. Depois o carnívoro ataca o pescoço e finaliza a vítima puxando o para baixo enquanto morde com força.
O caçador e a presa
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Dando o golpe de misericórdia
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Enquanto batalhas de gigantes ocorriam em campos e praias, em meio à floresta um bando de Deinonychus ataca um Tenontosaurus. Antes de deixar de falar sobre o Cretáceo, nos mostram indícios de enormes pterossauros que viveram na região.
Pteranodon
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Deinonychus
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Dupla observa a caça
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O ataque começa
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Depois, já falando do Jurássico de 145 milhões de anos atrás, paleontólogos falam que provavelmente o Estegossauro, Allosaurus e os grandes saurópodes viveram perto de Washington, embora não haja registro fóssil indicando isso. Mas se no meio dos Estados Unidos, na Inglaterra e Portugal haviam estes tipos de dinossauros e seus parentes, é bem provável que tenham existido em Washington.
Stegosaurus e Allosaurus
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Voltando para 200 milhões de anos, vemos como a separação contiental causou uma falha geológica, uma espécie de emenda que cortou bem ao meio a cidade de Washington, resultando disso a falta de fósseis do Jurássico.
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Bem afinal de contas, gostei da série, embora tenha diversas falhas. Um dos pontos fracos é que reaproveita demais os animais e modelos de computação gráfica, talvez uma artimanha dos produtores para evitar custos. Em dois ou três episódios aparecem Mamutes e Mastodontes, em dois ou três deles aparece o Acrocantossauro e em pelo menos dois episódios temos o Megalodonte, sem falar no repetitivo ambiente marinho dominado por Tilossauro e Cretoxyrhina. Outras falhas estão no fato de abusar de especulação, afirmando que tal animal viveu em determinada cidade sem ter evidência fóssil disso, como é o caso do Dilofossauro aparecer em New Iork, quando foi na verdade descoberto no Arizona.
Outro fato chato é mostrar um animal representado em computação gráfica e chamá-lo por outro nome. Mostraram o Ceratossauro e chamaram de Alossauro, mostraram o Astrodon como sendo o Apatossauro... enfim, algo que me incomoda. Reaproveitamento constante de cenas de outros episódios ou até mesmo de outros documentários também é chato, mas, apesar de tudo, aprendi algumas coisas novas com a série, gostei da qualidade da maioria das reconstruções em questão de realismo e a participação de paleontólogos reconhecidos ajuda a dar alguma credibilidade.
Eu recomendo sim que assistam essa série, embora não seja excelente. Estaremos sendo exigentes demais, no entanto, se exigirmos que uma série do Discovery Channel seja perfeita, pois sabemos que aparentemente o objetivo deles é ter audiência antes de mais nada e por isso são um pouco sensacionalistas.
Sem mais a dizer, sugiro que dê um jeito de ver a série, seja na internet, na TV ou comprando o DVD via internet, pois tem uns pontos bem relevantes a ser aprendidos e até chega a ser divertida pelas cenas dos animais em seus habitats.