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segunda-feira, 21 de julho de 2014

Tutorial: repintando uma miniatura de dinossauro

Para você que é visitante do Ikessauro e ainda não sabe, tenho uma novidade, eu criei no Facebook um grupo chamado "Eu Coleciono Dinossauros" onde nós colecionadores podemos discutir assuntos relacionados. Um deles é a customização de miniaturas, incluído aí a pintura de brinquedos e estatuetas. Ontem eu decidi customizar um brinquedo de dinossauro simples, destes baratos encontrados comumente em lojas por todo o Brasil. O pessoal do grupo pediu para eu postar um tutorial sobre como fiz a pintura, então aqui está ele! Clique em "Leia Mais" e confira o processo de pintura!

Tudo começou com este Estegossauro, um modelo da empresa Toy Major, datado do ano de 2000. Ele é feito de plástico comum, parece ser oco e apresentava bastante detalhes, porém a pintura original não permitia a visualização deles muito bem. Como eu possuo dois modelos iguais, decidi repintar um deles para ver que resultado podia obter.
Os materiais utilizados são simples e baratos, que listo abaixo:
  • Escova de dentes velha
  • Pincéis variados
  • Papel higiênico/papel toalha
  • Tinta acrílica para artesanato
  • Água
  • Folhas de papel velho
  • Primer
Para começar, limpei a figura. Usei a escova de dentes velha para esfregar o modelo, pois recomenda-se lavar o brinquedo em água limpa com sabão e esfregar bem para soltar qualquer resíduo de poeira, tinta velha, terra e qualquer outra coisa que possa prejudicar a aderência da tinta.
Usei apenas água corrente para lavar meu dino, porque estava relativamente limpo, só um pouco de pó, mas era novo, então foi fácil. Depois de limpo, sequei bem o boneco com papel higiênico para remover toda água das reentrâncias.
Após a limpeza, chegou a hora de iniciar a pintura, porém alguns modelos são feitos de um plástico muito liso e pintados com uma tinta que dá um acabamento mais liso ainda. Na minha opinião, era o caso desse modelo. Quando ele é pintado com tintas acrílicas, a tinta tende a descascar e soltar aos poucos, por isso é recomendado que seja usado um Primer, que é uma espécie de "tinta" que não é tinta. Calma, explico melhor. O primer parece uma tinta, geralmente branca, porém tem uma consistência mais pastosa e dá um acabamento mais áspero ou poroso. Ele adere bem no plástico, não soltando mesmo com atrito. Portanto, é recomendado que se pinte o modelo com primer primeiro, para então aplicar a tinta, que vai aderir bem nessa demão de primer não descascando. Foi isso que fiz. Utilizei o Primer para Metais, Pet e Vidro à base de água da Acrilex. Ele está disponível em papelarias, lojas de material artístico etc.
O ideal é aplicar ele diluído em demãos bem finas. Melhor passar várias demãos finas do que uma grossa demais, o que pode ofuscar, esconder os detalhes. Deve-se lembrar que após o primer ainda precisaremos dar mais algumas demãos de tinta. Em um mundo perfeito, passar ele bem diluído com o aerógrafo é o esperado, mas como sou apressado e não tenho um, passei com pincel mesmo. Decidi optar por apenas uma demão bem fina, só para permitir a adesão da tinta, sem me preocupar tanto se cobriu bem as cores originais, porque a cor que eu ia aplicar de base para a miniatura seria escura. O resultado foi esse.

Agora é que entro na fase de pintura em si. As tintas utilizadas para a pintura são da marca Acrilex, dois tipos diferentes, porém praticamente iguais no efeito. Um tipo é a linha Nature Colors, que são vendidas em bisnagas de 60ml, tem uma infinidade de cores, são a base d'água e podem ainda ser misturadas sem problema (Acrilex, se quiser pagar um jabá pela propaganda, entre em contato, eu não me importo hehe).
O outro tipo é um que vem em potinhos de 37ml, da linha Tinta Acrílica Fosca/Mate. Tem as mesmas propriedades da Nature Colors pelo que percebi usando aqui nas minhas pinturas. A maior vantgem destas tintas é que elas secam em poucos minutos, então não há necessidade de esperar várias horas para dar a segunda mão ou adicionar mais detalhes! As tintas que usei foram estas.
Utilizei apenas quatro pincéis para pintar o dinossauro, todos baratos e facilmente encontrados em qualquer papelaria. Um deles, bem fino, para fazer detalhes, como boca, olhos, narinas. Um um pouco mais largo, rígido de material artificial para pintar as unhas e detalhes das placas e dois maiores, mas não grandes, macios e mais largos (um chato e um mais redondo).
A primeira demão de tinta foi escura, completa, focada em cobrir completamente todo o modelo, não deixando nada aparecendo do primer. Usei a tinta sem diluir, porém espalhei bem para que ficasse uma camada fina, usando o pincel mais largo e macio, de modo que a tinta penetrasse em todos os detalhes. Escolhi o preto, pois assim eu evitaria de precisar fazer depois um Black Wash no final. Essa técnica, black wash, é feita diluindo a tinta ao extremo, bem líquida, de modo que ao passar na peça, ela escorre para dentro das ranhuras, detalhes em geral e seca somente lá dentro, não ficando sobre toda a peça. É bem útil em dinos porque permite usar o preto ou outra cor escura para "lavar" a peça, daí o nome, de modo que a cor escura permanece só no fundo das rugas e entre as escamas, ressaltando esses detalhes, sem cobrir a cor geral da peça. Pode-se usar qualquer cor, mas é mais comum tons escuros. Eu queria evitar o uso disso, por isso pintei a peça de preto, de modo que depois de aplicada a cor, as reentrâncias já estariam escuras.
O próximo passo foi passar um tom mais claro para realçar o detalhes da peça, escolhi um tom marfim, apliquei também sem a diluição, utilizando a técnica do Dry Brush. Esta técnica, por sua vez, é oposta ao "wash' que expliquei acima.
Em inglês "wash" é lavar e "dry" significa "seco", então é fácil imaginar que o dry brush se trata de passar o pincel com muito pouca tinta, quase seco, sobre a textura, de modo que a tinta pegue apenas nos relevos mais altos e não entre nos espaços mais baixos. Com esta técnica que apliquei a cor marfim, retirando o excesso da tinta do pincel macio mais largo numa folha de papel. Basta aplicar a tinta no pincel e esfregá-lo no papel, como se estivesse pintando, de modo que ele quase seque, assim pouca tinta será aplicada na figura, dando o efeito desejado. Veja como ficou o estegossauro após essa etapa.
Aguardei alguns minutos para essa camada de tinta secar e observei o resultado. Vários detalhes antes ocultos apareceram bem mais após esse dry brush. Mas inspirado nas cores de uma cobra d'água, da espécie Liophis miliaris, decidi misturar preto e amarelo na peça. Então fiz outro dry brush com a cor amarelo cádmio, que é bem viva. No entanto, optei por não aplicar a cor nas partes da barriga e interior das pernas. Observe o resultado.
A demão seguinte foi feita com tinta também amarela, porém numa tonalidade mais clara. Optei pelo amarelo ouro. Apliquei apenas no topo das costas e nas placas. Deu uma tonalidade mais parecida com o laranja, contrastando bem com o outro amarelo.
A partir daqui comecei a planejar um padrão de cor para as placas e tentei fugir um pouco das tradicionais placas vermelhas que vemos em todo estegossauro. Optei por cores mais sóbrias e frias, então criei um arco ou parábola utilizando um pincel mais fino e duro, chato, misturando um pouco de tinta marrom escuro, branco e um restinho de amarelo ouro que havia sobrado do dry brush. Após a aplicação em todas as placas, usei a tinta verde vivo para fazer um dry brush mais pesado acompanhando a parábola marrom por dentro. Aproveite e fiz um leve dry brush de verde vivo nos tagomizers da cauda. Pintei o olho, com o pincel mais fino, de verde folha para contrastar com o corpo e usei um pequeno ponto preto como pupila. Neste ponto o que eu tinha em mãos era isso.
Em seguida, decidi finalizar as unhas ou garras, optei pela cor marrom escuro, sem diluição, apliquei normalmente uma demão cuidadosamente nas garras do dino e no bico também. Dei uma cor mais orgânica à boca e às narinas que ainda estavam pretas, pintando-as com tinta na cor salmão, também normalmente sem diluir.
E finalmente, chegamos na última etapa. Não gostei do resultado nos espigões da cauda e por isso decidi dar uma cor mais forte, como se o animal estivesse enviando a um possível agressor ou rival a mensagem de que ele é perigoso, que seus espigões são potentes e podem causar algum estrago. Para tal, usei a tinta laranja com a técnica de dry brush, pincel quase seco. Apliquei bastante na ponta da cauda toda e nos tagomizers e fui subindo pelas placas, fazendo a pintura somente na ponta de cima das placas em ambos os lados. Nessa próxima foto, dá para perceber bem a diferença. Aqui praticamente dei por terminada a pintura, retoquei apenas um pouco a barriga, com tons amarelos usando o dry brush. Para dar acabamento, muita gente utiliza um spray ou demão de verniz fosco incolor para selar a peça. Como estou sem nenhum verniz disponível no momento e esta tinta acrilex dificilmente descasca com o toque, não achei que deveria me preocupar com isso.
Aqui eu finalizo com as fotos do resultado final desse trabalho de pintura. Espero que tenha gostado de acompanhar o processo e que se inspire para customizar sua própria miniatura. Como você pode observar, a primeira e última fotos desse post são comparações entre a versão original e a versão customizada. E aí, o que você achou do resultado? Me conte nos comentários ou lá no Facebook no grupo "Eu Coleciono Dinossauros".
 
 
 
 
 

2 comentários :

associação Comunitária dos Moradores de Serrota disse...

Bem interessante as técnicas ;) !!!

Miguel disse...

Nossa , otimo este artigo! Vai ajudar demais