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quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Pterossauro brasileiro é descrito por paleontólogo inglês

Reconstituição do pterossauro e foto do fóssil
© Mark Witton

Oi pessoal, desta vez a notícia é ao mesmo tempo boa e ruim. Primeiro vou contar a boa logo, que como o título fala, um novo pterossauro foi descrito pelo paleontólogo inglês Mark Witton, que usou um fóssil brasileiro da Chapada do Araripe para concluir seu trabalho de doutoramento na Universidade de Portsmouth. Para ver mais sobre esta notícia e ler sobre a "ruim", leia a postagem inteira.

Segundo ele (Witton) o Lacusovagus magnificens (nome do pterossauro que significa Viajante dos Lagos) media em torno de 5 metros de envergadura e viveu há 115 milhões de anos, mas mesmo com este tamanho ainda seria de porte médio se comparado a outros pterossauros como o Quetzalcoatlus e Ornithocheirus.
O estudo foi publicado na revista britânica Paleontology e dentre os dados da pesquisa não falta uma descrição do animal, cujo fóssil é composto de crânio e parte do corpo, sendo esta a parte anterior, área onde se situa peito e pescoço do animal. Segundo Witton, o pterossauro é diferente dos demais animais brasileiros porque ele não possuía dentes, ou seja, pertence a um gênero diferente, que tem a maioria de seus representantes encontrados na China. Este dado é uma hipótese por enquanto, mas se comprovado pode mostrar que pterossauros deste grupo migravam de um continente ao outro, procurando recursos melhores talvez.
Agora galera, vem a parte triste da história, o fóssil é mais um dos muitos que foram CONTRABANDEADOS do Brasil para o exterior e vendido de forma ilegal. A realidade nos faz refletir sobre como nosso país é fraco em relação ao cumprimento das leis, que existem, mas não funcionam. O fóssil foi vendido ao Museu Estatal de História Natural de Karlsruhe, onde permanece até hoje. Foi há 3 anos que Witton começou a estudar o pterossauro e sente-se feliz por ser o primeiro a descrevê-lo, mas afirma que nada teve a ver com a compra do fóssil e nem o valor pago ele sabe. Em 1994 outro pterossauro brasileiro foi contrabandeado e vendido a este mesmo museu, que permitiu que Dino Frey, paleontólogo elemão descrevesse o animal como Arthurdactylus conan-doylei, sendo ajudado por outro pesquisador inglês. O próprio Witton descreveu um dino brasileiro, o Irritator Challengeri.
Segundo Alexander Kellner, paleontólogo brasileiro, esses museus e pesquisadores estrangeiros sabem que perante a lei brasileira estão errados, mas mesmo assim não se importam. O fóssil poderia ser repatriado, o que segundo Kellner é o melhor a ser feito, opinião que recebe apoio do inglês Witton, contanto que se prove a venda ilegal.
Não há mais nada para fazer com o fóssil, então devia ser devolvido ao Brasil. Se vai acontecer não sei dizer, mas estou na torcida.
No Brasil os fósseis de pterossauros são abundantes porque na pré-história a América do Sul e a África estavam unidas e o Oceano Atlântico era um lago que ficava no centro do continente, onde viviam os pterossauros que se alimentavam de peixes. Quando morriam e caiam no mar, rapidamente eram enterrados no fundo da água com areia e outros sedimentos formando fósseis de grande qualidade de conservação.

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