Às vezes o conteúdo que você procura não está na primeira página. Seja um paleontólogo no Ikessauro e procure aqui o conteúdo que deseja!



quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Ida: seria mais um engano da paleontologia?

Ei Pessoal, quanto tempo hein... faz dias que não posto coisas novas. Foi mal mesmo, mas tenho estado muitíssimo ocupado com a faculdade. Hoje vou tentar desencalhar umas notícias que fiquei de postar. Como diz o ditado, antes tarde do que nunca! Começarei pela suspeita de que a Ida não é tão humana como se pensava. É essa mesmo que você tá pensando, aquela "nossa Tia de 47 milhões de anos de idade", que há alguns meses provocou estrondo na comunidade científica e agora está sendo "desmentido" como um ancestral humano, para passar a ser considerado como apenas um primata esquisito. Veja o resto do post expandindo-o pelo botãozinho abaixo.

É galera, a empolgação foi tanta que os pesquisadores que descreveram a Ida meteram os pés pelas mãos, venderam gato por lebre. É, pelo visto hoje estou inspirado para usar ditos populares nas postagens. Eles afirmaram que a Ida, cientificamente nomeada Darwinius masillae, era o elo perdido da evolução humana, o que gerou furor na mídia, produções de documentários, sites, livros e o escambau! Os autores chegaram a chamar o primata de "A Monalisa dos fósseis" e compararam a peça ao Santo Graal, para demonstrar o quão bela, rara e importante era a descoberta. Mas agora, outros cientistas dizem que estavam mesmo enganados ou que sabiam da real natureza do bicho e só queriam chamar a atenção, pois segundo os novos estudos, a Ida é apenas um ancestral dos lêmures, um primo antigo e esquisito destes animais que hoje habitam a ilha de Madagáscar.
Se esta nova pesquisa estiver correta e seus autores não tiverem se enganado, o caso de Ida se tornará mais um dos clássicos erros paleontológicos, que ocorrem quando o paleontólogo quer logo publicar sua pesquisa para ganhar a atenção e prestígio e acaba errando na interpretação dos dados.

Que o fóssil chega a ser bonito ninguém que gosta de paleontologia pode negar, e que está extremamente bem preservado é um fato óbvio, pois preservou desde ossos, passando por pelos e até conteúdo digestivo, mas o que alguns já na época questionavam é que este animal não representa um estágio ancestral primata do ser humano. O artigo que afirma isto, foi publicado na revista científica "Nature", pela equipe coordenada por Erik Seiffert, da Universidade da Stony Brook (EUA). Nesta publicação eles comparam Ida a um novo primata extinto descoberto no Egito, chamado Afradapis longicristatus, cerca de 10 milhões de anos mais novo que Ida. Análises dos dentes, mandíbula e outros aspectos da espécie africana indicam que ele é parente do Darwinius. Seiffert e seus colegas levam em conta 360 características do esqueleto na comparação que deveria ter sido feita na descrição de Ida, mas que não foi realizada, impedindo que criassem uma árvore genealógica mais correta.
No final das contas, a Ida teria um parentesco com o ser humano, mas muitíssimo mais distante, sutil, do que se imaginava, sendo mais aproximada dos lêmures. Suas características humanoides seriam facilmente explicadas pela evolução convergente, que é quando dois grupos animais adotam um mesmo estilo de vida e seguem a evolução em um mesmo rumo, que por vezes se encontra, por vezes não.
Segundo Seiffert, algumas características relacionadas à alimentação e à forma do focinho, curto, além da fusão das duas metades da mandíbula, o que não é característica de antropoides verdadeiros e que aparece em Ida, ajudam a esclarecer que tal animal não é ancestral do homem.
Já um dos paleontólogos que descreveu Ida, Philip Gingerich, da Universidade de Michigan, não aceita tal afirmação e ainda diz: "Acho esquisito que o Afradapis seja muito parecido com os antropoides, mas acabe classificado em outro grupo. A ideia de convergência parece implausível". Aliás, argumenta Gingerich, "o Darwinius conta com um esqueleto muito mais completo que o do Afradapis, e ele apresenta características adicionais de primatas avançados que não aparecem na análise".

Fonte

1 comentários :

Mundo dos bichos disse...

Ual, eu postei no meu blog a reportagem da descoberta de Ida, crente que teriam descoberto um "ancestral" dos humanos e agora pode ser um parente dos lêmures?