Capa da Revista © Ikessauro |
Sabe aquela sensação de dúvida que temos ao comprar um livro? Aquela que nos faz pensar se o material é realmente aquilo que esperamos ou não? Pois é, não sei você, mas a cada vez que vou comprar um livro sobre o qual não ouvi falar em detalhes me bate essa insegurança. Por isso resolvi postar no Ikessauro resenhas ou avaliações de material, para que você leitor possa evitar entrar na mesma situação. Neste post você lerá minha opinião sobre a revista "O Mundo dos Dinossauros" da Nova Sampa Diretriz Editora. Clica aí em "Leia Mais" para ir ao que realmente interessa?
Então, pois foi com a mesma insegurança descrita acima que fiquei ao ver pela primeira vez esta revista no site de vendas Mercado Livre. O anúncio trazia poucas informações, não dizia quem era o autor nem a editora, não trazia data de publicação nem informação se era um especial ou uma nova coleção. Inicialmente fiquei em cima do muro e não comprei, pois tinha outras prioridades. Para resumir, depois de muitos dias acabei cedendo à curiosidade e induzido pelo preço baixo (R$15,00 incluindo frete) comprei a revista no site mesmo.
Quando recebi o produto rapidamente me pus a folhear rapidamente, ávido para ver o conteúdo, mas logo tive minhas expectativas tolhidas pelo conteúdo da revista e pela forma como foi publicada. Claro que a revista não é toda ruim, mas as partes mal feitas tiram a credibilidade da parte boa e vou explicar o motivo. Quando se faz uma publicação, que será vendida, voltada mais para um objetivo educacional do que de entretenimento, espera-se do autor um cuidado maior com a escrita, diagramação do conteúdo e principalmente citação de fontes, ou seja, bibliografia que embasará todo o texto.
Esta revista no entanto não leva nada disso a sério, pelo menos na minha opinião. Analise comigo, que a maioria das publicações de dinossauros nos últimos anos trazia uns assuntos básicos, que no geral se resumem a:
- Era Mesozoica e suas subdivisões;
- Classificação dos dinossauros e a definição do que é dinossauro (ex:ornitísquios x saurísquios, grupos terópodes, saurópodes etc.) ;
- Hábitos dos dinossauros (ex: alimentação, defesa, acasalamento, técnicas de caça etc.)
- Espécies de dinossauros, pterossauros e répteis marinhos;
- Extinção;
- Formação do fóssil e seu descobrimento;
- Histórias e curiosidades sobre fósseis famosos ou importantes (ex: Dinos Lutadores da Mongólia, Archaeopteryx, Sue etc.);
Poucas são as publicações voltadas ao público leigo que apresentam muito mais que isso, principalmente as novas teorias da paleontologia, como alguns casos de identificação da cor de animais extintos, aves como dinossauros, evolução em geral, dinos emplumados, dinossauros coloridos e muitas descobertas novas dessa ciência. Esta publicação em questão felizmente traz muita coisa dessa lista, pois fala dos dinos emplumados, sua evolução que originou as aves, deixa um pouco de lado a formação dos fósseis para falar mais detalhadamente da sua datação, citando até os elementos químicos usados como base de cálculo da idade das rochas. Fala-se em dinos brasileiros e pterossauros do Brasil também. Tudo isso é a parte boa da revista, a parte que me agradou, porém que não me impediu de considerar a revista uma publicação falha, pois os erros apresentados são muito evidentes e parecem mesmo mais caso de relaxo do que de falta de conhecimento sobre o tema.
Pois bem, começarei a citar os problemas pelas imagens utilizadas na revista, que parecem ter sido “catadas” às pressas numa pesquisa no Google Imagens. Sim, várias imagens de diferentes estilos, misturando fotos com ilustrações, esculturas digitais e screenshot do Jurassic Park 3 com desenhos em preto e branco. A maioria das páginas é bem colorida e bem preenchida com imagens, o problema é que a escolha não foi boa. Enquanto certas fotos foram acertos, outras acabaram sendo escolhas infelizes para esse tipo de publicação educativa. Uma delas foi uma arte conceitual do T.rex de Jurassic Park, que sabemos não está correto cientificamente em vários quesitos anatômicos e outra foto problema é a de um fóssil de Oviraptor sobre seu próprio ninho cheio de ovos, cuja legenda definia como um “fóssil raro de ovo de um T. rex”, para citar exatamente o texto impresso na página da revista.
Veja o fóssil de Oviraptor descrito como Ovo de T.rex © Ikessauro |
Uma das imagens é um screenshot do documentário "Dinosaurs Alive!" da Imax, que mostra um Tarbossauro num deserto, também legendada incorretamente como sendo um T.rex, embora essa eu possa pegar mais leve e perdoar, uma vez que ambos são bem similares e até iguais aos olhos de um leigo. Porém certos erros são inegáveis e ridículos, como a foto de um inseto fóssil tendo sido legendado como fóssil de um pterossauro, como você pode ver abaixo. Legendas genéricas como “Confronto imaginário de Supercrocodilo contra um Espinossauro” sobre a excelente pintura de Raúl Martín, retratando um Sarcosuchus e um Suchomimus se enfrentando prejudicam muito na minha opinião.
Outra coisa que não tenho certeza, mas estou bem desconfiado de ser incorreto, é a foto de um bloco de âmbar fóssil, cuja legenda diz se tratar de ossos fósseis cobertos com a substância. Tá, insetos ficavam presos em resina de árvores, até sapos, lagartos ou pequenos vertebrados de outros grupos, mas aí dizer que um osso ficou preso no âmbar é exagero. Alguns organismos ficavam grudados na seiva porque pousavam nas árvores ou caminhavam nos galhos e acabavam encarcerados na gosma pegajosa que a planta excretava. Mas um osso, como isso aconteceria? O pior é a maneira como muitas fotos foram organizadas, nos cantos das páginas, bem próximo à lombada da página, com partes cortadas para economizar espaço, deixando a diagramação esteticamente comprometida, claro tudo baseando-se no meu ponto de vista.
Além dos erros nas legendas das fotos, o próprio texto da revista traz informações incorretas, como por exemplo, o ano de descobrimento do T.rex Sue, na revista marcado como 1970, sendo que na verdade foi encontrado em 1990. Se fosse um errinho de um ou dois anos, mas vinte! Outra informação incompleta é sobre o Barionix, que segundo publicado foi achado em Portugal e Espanha, o que está certo parcialmente. Na verdade foi descoberto na Inglaterra antes de ser encontrado em qualquer outra parte. Segundo a revista, o nordeste Brasileiro gerou fósseis de muitos pterossauros, o que é verdade, mas tendo tantas espécies daqui para citar o sujeito que escreveu a matéria pecou justamente ao mencionar o Pterodaustro como um pterossauro daqui, sendo que foi realmente achado na Argentina. Erros de digitação como nomes científicos trocados ou misturados são frequentes na revista.
Erros básicos de digitação ou confusão com grupos de animais se perpetuam pela revista toda. Em certo trecho está escrito que, e eu novamente cito, “(…) o Edmontossauro foi uma das últimas espécies de dinossauros que existiram, juntamente com o tiranossauro e os triceraptos, (…)”. Sério, triceraptos? Are you f*c%ing kidding me? Por favor né, publicação para venda tem que ter mais cuidado na digitação. Até os nomes dos gêneros todos com letras minúsculas. Aí, como costuma dizer meu pai, força a amizade. Sem falar na pouca dedicação e atenção na pesquisa das informações. Os sujeitos leram que as principais presas do Tiranossauro eram Hadrossauros (como Maiasaura, Parassaurolofo) e Ceratopsianos (como Triceratops, Diabloceratops) e foram especificar o que cada grupo contém, tendo acertado no primeiro, porém confundido o segundo com o dos Ceratossauros, que são dinos predadores do grupo dos terópodes, a maioria do Jurássico. Não estou dizendo que terópodes não poderiam ser presa do T.rex, até podem ter sido, mas ali claramente se vê a confusão feita.
Bem, não quero mais cansar sua cabeça com tantos defeitos de uma publicação cujas fontes são… bem, não são!!! Na revista não tem fonte nenhuma, nem um sitezinho sequer ou um livrinho simples. Consultor especializado então, nem se fala, não há menção a nenhum! Se bem que ninguém ia querer seu nome publicado ao lado de tanto problema, não é?
Enfim, minha opinião final é a seguinte: em uma escala de 1 a 10, a nota merecida pela publicação é um 4, não mais porque apesar de ter acertado em vários pontos, a parte interessante e inovadora perde a credibilidade uma vez que se percebe erros feios na parte básica, que todo mundo está cansado de ver. Se alguém não sabe fazer conta de adição e subtração você vai acreditar que ela sabe fazer uma equação do 2º grau? Muito provavelmente não! É isso que eu penso também. Se pelo menos as fotos compensassem o valor pago pela revista, mas nem sequer legendaram corretamente, nem citaram o artista/fotógrafo, sem falar que a maioria estamos cansados de ver na net ou em outras publicações. Não recomendo a você que compre tal revista, salve seu dinheiro para algo mais proveitoso, outra publicação de maior valor, logo logo vou lhe indicar uma que vale a pena e é baratíssima.
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2 comentários :
KkkkkK! Rindo muito...
Infelizmente eu comprei a revista a alguns dias atrás, confesso que não mim arrependi, a unica coisa que fiz foi ignorar os erros, a unica parte do livro que eu gostei foi as teorias que foram aplicadas na revistas.
Ri muito com as imagens que tenho quase certeza também que foram tiradas do Google por que já vi muitas delas la e a proposito tenho até algumas imagens no meu blog principalmente a imagem da pagina 42 (se eu não mim engano) que eu uso como papel de parede no meu blog.
Eu concordo com Patrick, mais se você é louco mesmo por dinossauro você vai compra ou pelo menos vai pensar duas vezes.
Eu tenho essa revista, graças a Deus eu ganhei de aniversário e não perdi nenhum centavo. Depois dessa nem vou continuar lendo, o jeito é dar pra um noob que queira a revista.
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