Nova reconstrução do Prognathodon © Stefan Sølberg |
"Novo" fóssil do Prognathodon © Lindgren et.al |
A notícia que trago hoje começou a circular há uns 5 dias, mas só agora tive tempo de publicar sobre ela aqui no Ikessauro e preciso dizer que é muito interessante e importante para a paleontologia, principalmente a área de estudo focada em Répteis Marinhos mesozoicos. Muitos fósseis de répteis marinhos, principalmente de Ictiossauros, preservam impressões do tecido mole do animal, formando um contorno em torno do esqueleto indicando como era a forma do corpo do animal em vida. Isso permite saber muita coisa sobre o bicho. Mas quando se trata de Mosassauros, os fósseis conhecidos não apresentavam nenhuma preservação de tecido mole. Porém um novo achado parece mudar esse cenário, fornecendo muitas informações novas sobre a aparência e consequentemente o comportamento destes vertebrados. Clique em "Leia Mais" e confira essa importante descoberta.
A maior parte das restaurações de répteis marinhos do grupo dos Mosassauros retrata animais com corpo esguio, longo, terminado em uma cauda igualmente comprida com forma comprimida lateralmente, semelhante à estrutura corporal de uma Moréia, sendo a barbatana caudal com uma única ponta.
Mas isto está para mudar, pois recentemente foi descoberto um fóssil de um mosassaurídeo, pertencente ao gênero Prognathodon, que apresenta uma impressão dos tecidos moles da cauda, mostrando uma estrutura bifurcada bem similar à cauda dos tubarões.
Detalhes das impressões da cauda © Lindgren et.al |
Estes répteis viveram no período Cretáceo e eram aparentados dos répteis lacertílios, grupo a que pertencem os lagartos em geral. Desde as primeiras descobertas de fósseis desses animais por volta de 1700 os cientistas já supunham que nadavam de maneira similar à dos peixes, usando a cauda como ferramenta de propulsão.
O novo fóssil, que confirma essa hipótese, representa um indivíduo jovem, com apenas 1,80 metros de comprimento, embora alguns indivíduos adultos pudessem chegar aos 10 metros. O fóssil em questão foi encontrado em 2008 numa pedreira particular na Jordânia e data de 72 milhões de anos atrás. Esse animal apresenta uma cauda profunda verticalmente, mas estreita, com a ponta da coluna vertebral que forma a cauda levemente curvada para baixo, o que não acontece nos tubarões. Em torno da ponta da cauda, uma impressão suave contorna toda a extremidade, formando uma cauda de ponta dupla, sendo a parte superior mais curta e orientada verticalmente, enquanto a parte inferior é mais longa apontada para baixo e para trás, provavelmente terminando em uma ponta fina.
Diagrama do fóssil: osso em branco Tecido mole em cinza © Lindgren et.al |
Segundo um dos autores, essa característica pode ter ajudado os Mosassauros a subir até a superfície da água em busca de ar, afinal, apesar de serem animais marinhos adaptados à água, eram primeiramente répteis pulmonados que respiravam ar diretamente da atmosfera, não possuindo brânquias para retirar o oxigênio da água, como possuem os peixes.
Reconstrução da cauda e do lobo caudal © Lindgren et.al |
Segundo os autores do estudo, Johan Lindgren, Hani F. Kaddumi e Michael J. Polcyn, o fóssil está tão bem preservado que é possível ver fibras e contorno das escamas do animal. O novo achado muda o modo como vemos os hábitos desses répteis, porque até então se imaginava que fossem predadores de movimentos mais lentos capazes apenas de acelerar por pequenos períodos de tempo e curtas distâncias, caçando por meio de emboscadas, no entanto agora o que a evidência indica é que deveriam ser animais bem mais ativos, capazes de nadar ativamente em altas velocidades por mais tempo. O que se pode perceber é que essa estrutura caudal é análoga à dos tubarões e ictiossauros, o que quer dizer que é igual ou parecido por ter um uso similar, porém que não apresenta origem evolutiva comum entre os grupos, portanto é resultado de evolução convergente.
Impressões suaves das escamas © Lindgren et.al |
Além da impressão da pele da cauda foi possível observar impressões nas nadadeiras também e análises moleculares das impressões sugerem que se formaram pela mineralização de carbonato de cálcio do que um dia foi de fato parte do corpo desse mosassaurídeo.
O crânio não está presente no fóssil e algumas partes das impressões foram perdidas quando o fóssil foi coletado,pois inicialmente não se podia ver as impressões, que só foram descobertas quando o fóssil foi reanalisado e a região preparada, ou seja, a rocha comum que cobria a impressão foi removida cuidadosamente. Fora estes aspectos o fóssil está muito bem preservado e completo, articulado e preservado em três dimensões, além de haver impressões em forma de molde nos poucos pontos onde o osso verdadeiro se desintegrou. O estudo foi publicado no dia 10 de setembro na Nature Communications.
O crânio não está presente no fóssil e algumas partes das impressões foram perdidas quando o fóssil foi coletado,pois inicialmente não se podia ver as impressões, que só foram descobertas quando o fóssil foi reanalisado e a região preparada, ou seja, a rocha comum que cobria a impressão foi removida cuidadosamente. Fora estes aspectos o fóssil está muito bem preservado e completo, articulado e preservado em três dimensões, além de haver impressões em forma de molde nos poucos pontos onde o osso verdadeiro se desintegrou. O estudo foi publicado no dia 10 de setembro na Nature Communications.
Impressões nas barbatans © Lindgren et.al |
- LINDGREN, J.et al.Soft tissue preservation in a fossil marine lizard with a bilobed tail fin. Nat. Commun.4:2423 doi: 10.1038/ncomms3423 (2013).
- NBC News
- National Geographic
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