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quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Tsintaosaurus reconstruído

Tsintaosaurus: reconstrução antiga
© Keiji Terakoshi
Recentemente dois pesquisadores, Albert  Prieto-Márquez e Jonathan Wagner publicaram um artigo na revista online PLoS ONE indicando que o que sabíamos sobre a crista bizarra do dinossauro herbívoro Tsintaosaurus spinorhinus estava errado. Para falar a verdade o crânio desse dinossauro sempre me pareceu extremamente estranho e a existência de uma crista como aquela me parecia possível, porém pouco prática. Pareceria bem frágil e fácil de quebrar, pouco útil para exibição, lutas ou defesa. Mas agora uma revisão do fóssil parece indicar que a crista de fato tinha um formato bem diferente, retirando o título de "Dinossauro Unicórnio" do Tsintaosaurus. Veja tudo sobre esse estudo clicando em "Leia Mais" logo abaixo.

Em 1958, Yang Zhongjian (também conhecido como C.C. Young) descreveu o Tsintaosaurus e chegou à conclusão que os ossos da crista eram tubulares usados para produzir sons. Hoje sabemos que sua análise foi falha e que os osso de fato eram sólidos. O crânio não tem parte da premaxila na região do focinho, onde deveria existir o resto da crista e os canais nasais usados pelo animal para vocalizar. Wishampel e Horner (1990) debateram que o Tsintaosaurus era um saurolophine, por causa da crista simples, enquanto outros sugeriram que a crista estava tafonomicamente distorcida, rotacionada para cima, fora da posição natural (Taquet, 1991). Não é de hoje que Albert Prieto-Márquez e Jonathan Wagner estudam o Tsintaosaurus, eles vêm tentando já faz tempo, organizar taxonomicamente um ramo de lambeosaurines somente das espécies que viveram na Eurásia, os Tsintaosaurini
Examinando não só o holótipo do crânio, mas também um parátipo, que é ainda menos completo que o tipo e associado com material que foi inicialmente rejeitado por Yang como algo sem importância, Prieto-Márquez e Wagner assumiram que as premaxilas não eram somente mais extensas, como em outros hadrossaurídeos, mas também que poderiam ter incluído uma crista maior e elaborada, o que seria compatível com os lambeosaurine e supriria a necessidade de encaixar evolucionariamente este gênero. Muitas regiões do crânio sugerem que o design do crânio dos tsintaosaurini teria surgido depois do desenvolvimento de uma grande passagem em looping dentro da crista, que estaria presente antes do crescimento das nasais apontando para cima e para frente.

Tsintaosaurus: crista retrabalhada
©
Prieto-Márquez e Wagner (2013
)
Prieto-Márquez e Wagner (2013) realmente sugerem que Taquet (1991) estava correto em parte, em que a crista estava desalinhada, mas em vez de posicioná-la colada ao crânio como havia sido sugerido antes, Prieto-Márquez e Wagner a rotacionaram mais para trás e a normalizaram em aparência. O crânio assim lembra o de grandes lambeosaurines da Ásia oriental, como o Olorotitan e sugere que havia uma regularidade no formato das cristas de praticamente todos os lambeosaurines, até mesmo quando estavam se formando. 
Provável caminho do ar pela crista
©
Prieto-Márquez e Wagner (2013
)

Essas novas reconstruções nos permitem reavaliar o que pensávamos que sabíamos sobre alguns dinossauros, que existem modelos clássicos para sua aparência e que muitas vezes podem estar simplesmente errados ou parcialmente incorretos. É como a ciência anda, corrigindo um erro depois do outro e respondendo uma questão enquanto duas novas surgem. Confira abaixo uma nova reconstrução atualizada desse intrigante dinossauro, feita por Vitor Silva.
Tsintaosaurus com a nova crista
© Vitor Silva
Devo agradecer aqui a Vitor Silva, um jovem paleoartista brasileiro super talentoso que frequentemente me dá permissão para usar suas ilustrações no blog. Confiram a arte dele na página pessoal dele, Vitor Silva - Paleoartista!




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