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Tsintaosaurus: reconstrução antiga © Keiji Terakoshi |
Recentemente dois pesquisadores,
Albert Prieto-Márquez e Jonathan Wagner
publicaram um artigo na revista online PLoS ONE indicando que o que sabíamos
sobre a crista bizarra do dinossauro herbívoro Tsintaosaurus spinorhinus estava
errado. Para falar a verdade o crânio desse dinossauro sempre me pareceu
extremamente estranho e a existência de uma crista como aquela me parecia
possível, porém pouco prática. Pareceria bem frágil e fácil de quebrar, pouco
útil para exibição, lutas ou defesa. Mas agora uma revisão do fóssil parece
indicar que a crista de fato tinha um formato bem diferente, retirando o título
de "Dinossauro Unicórnio" do Tsintaosaurus. Veja tudo sobre esse
estudo clicando em "Leia Mais" logo abaixo.
Em 1958, Yang Zhongjian (também
conhecido como C.C. Young) descreveu o Tsintaosaurus e chegou à conclusão que
os ossos da crista eram tubulares usados para produzir sons. Hoje sabemos que
sua análise foi falha e que os osso de fato eram sólidos. O crânio não tem
parte da premaxila na região do focinho, onde deveria existir o resto da crista
e os canais nasais usados pelo animal para vocalizar. Wishampel e Horner (1990)
debateram que o Tsintaosaurus era um saurolophine, por causa da crista simples,
enquanto outros sugeriram que a crista estava tafonomicamente distorcida,
rotacionada para cima, fora da posição natural (Taquet, 1991). Não é de hoje que
Albert Prieto-Márquez e Jonathan Wagner estudam o Tsintaosaurus, eles vêm
tentando já faz tempo, organizar taxonomicamente um ramo de lambeosaurines
somente das espécies que viveram na Eurásia, os Tsintaosaurini.
Examinando não
só o holótipo do crânio, mas também um parátipo, que é ainda menos completo que
o tipo e associado com material que foi inicialmente rejeitado por Yang como
algo sem importância, Prieto-Márquez e Wagner assumiram que as premaxilas não
eram somente mais extensas, como em outros hadrossaurídeos, mas também que
poderiam ter incluído uma crista maior e elaborada, o que seria compatível com
os lambeosaurine e supriria a necessidade de encaixar evolucionariamente este
gênero. Muitas regiões do crânio sugerem que o design do crânio dos
tsintaosaurini teria surgido depois do desenvolvimento de uma grande passagem
em looping dentro da crista, que estaria presente antes do crescimento das
nasais apontando para cima e para frente.
Prieto-Márquez e Wagner (2013)
realmente sugerem que Taquet (1991) estava correto em parte, em que a crista
estava desalinhada, mas em vez de posicioná-la colada ao crânio como havia sido sugerido antes, Prieto-Márquez e Wagner a
rotacionaram mais para trás e a normalizaram em aparência. O crânio assim
lembra o de grandes lambeosaurines da Ásia oriental, como o Olorotitan e sugere
que havia uma regularidade no formato das cristas de praticamente todos os
lambeosaurines, até mesmo quando estavam se formando.
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Tsintaosaurus: crista retrabalhada © Prieto-Márquez e Wagner (2013) |
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Provável caminho do ar pela crista © Prieto-Márquez e Wagner (2013) |
Essas novas reconstruções nos permitem reavaliar o que pensávamos que sabíamos sobre alguns dinossauros, que existem modelos clássicos para sua aparência e que muitas vezes podem estar simplesmente errados ou parcialmente incorretos. É como a ciência anda, corrigindo um erro depois do outro e respondendo uma questão enquanto duas novas surgem. Confira abaixo uma nova reconstrução atualizada desse intrigante dinossauro, feita por Vitor Silva.
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Tsintaosaurus com a nova crista © Vitor Silva |
Devo agradecer aqui a Vitor Silva, um jovem paleoartista brasileiro super talentoso que frequentemente me dá permissão para usar suas ilustrações no blog. Confiram a arte dele na página pessoal dele, Vitor Silva - Paleoartista!
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