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quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Estudo sugere que fitossaurídeos caçavam os grandes Rauisúquios


Reconstrução do ataque
© Christopher Hayes

Nem sempre os fósseis coletados podem ser estudados rapidamente por algum paleontólogo, e isso, acredito que você já deve saber. Pois bem, é comum que fósseis coletados sejam depositados em museus e por vezes ficam armazenados sem preparação e estudo por anos, escondendo informações preciosas. Um estudo publicado na Naturwissenschaften mostra um destes casos. Fósseis de répteis conhecidos como rauisuquídeos, um grupo de crocodilomorfos terrestres do Triássico, que inclusive tinham representantes no Brasil, estavam no acervo do Museu de Paleontologia da Universidade da Califórnia, até que alguém decidiu estudá-los, revelando um importante evento de predação. Veja mais sobre esse estudo clicando em "Leia Mais".
Dentre os pesquisadores responsáveis pelo estudo estão a Dra. Michelle Stocker da Virginia Tech,  a Dra. Stephanie Drumheller da Universidade do Tennessee e o Dr. Sterling Nesbitt da Virginia Tech. Eles estudaram fêmures de rauisuquídeos, um deles que devia pertencer a um animal de cerca de 8 metros, que apresentavam marcas de mordida de outros predadores e encontraram inclusive um dente de fitossaurídeo alojado num dos ossos.
Estes animais viveram no Triássico e o achado contribui para nosso modo de pensar sobre como predadores de topo do período interagiam. Combates modernos entre crocodilos e leões não se comparam ao que ocorreu onde a terra encontrava o mar há 200 milhões de anos. Essa descoberta ajuda a explicar o mistério da ecologia daquele tempo.
Fêmur fossilizado: marcas de dentes nos detalhes
© Stephanie K. Drumheller et al

Assim como a extinção dos dinossauros deu aos mamíferos a chance de florescer, uma extinção anterior removeu da Terra espécies dominantes e permitiu que os dinossauros tomassem conta do planeta. Antes da extinção entre o Triássico e o Jurássico, os Rauisúquios estavam no topo da cadeia alimentar na maioria dos ambientes terrestres. Por outro lado, imagina-se que os fitossauros dominavam os ambientes aquáticos como predadores devido ao seu tamanho grande e similaridade com os crocodilianos modernos, diz Stocker. Os paleontólogos no entanto duvidavam que estes gigantes interagissem muito, o que se comprova agora não ser o caso.
"Encontrar um dente alojado diretamente em um osso fóssil é raro, muito raro," diz Drumheller. "Essa é a primeira vez que isso foi identificado entre fitossaurídeos, e nos dá a arma do crime para interpretar esse conjunto de marcas de mordida."
O dente quebrou na batalha e ficou enterrado cerca de 5 centímetros osso adentro, que por sua vez cicatrizou, indicando que o rauisuquídeo viveu por um longo tempo depois de sobreviver ao ataque. Outras marcas de perfurações também foram detectadas.
Dentes: em cinza o dente impresso que estava no osso
© Stephanie K. Drumheller et al

A descoberta é um lembrete do valor de espécimes que estão esperando para ser estudados em museus. "Existem muitos ossos que são escavados, porém não são imediatamente processados, preparados e estudados. Ninguém tinha reconhecido a importância desse espécime antes, mas nós fomos capazes de emprestá-lo e fazer nosso estudo," diz Nesbitt. A equipe usou tomografia computadorizada e uma impressora 3D para replicar o osso, concluindo que o rauisuquídeo foi atacado por um fitossaurídeo em pelo menos mais uma ocasião.
O mesmo artigo também relata outro espécime da mesma formação, que tem 220-210 milhões de anos, que proporciona um entendimento maior do comportamento alimentar. Um segundo fêmur mostra marcas de mordidas não cicatrizadas, que os autores afirmam ser indicação de que o animal ferido não sobreviveu ao ataque ou foi devorado por carniceiros logo após a morte. A forma e espaçamento das marcas indicam um fitossaurídeo como o responsável nesse caso também.
Os autores ainda complementam dizendo que "essas marcas oferecem uma oportunidade de começar a explorar os ecossistemas terrestres, aparentemente desequilibrados, do Triássico tardio da América do Norte, em que grandes carnívoros de longe superam os herbívoros em abundância e diversidade."
Isso é estranho porque normalmente os herbívoros sempre tem maior abundância que os predadores, para poder manter suas populações, pois sendo uma parte devorada pelos carnívoros precisa-se ter algo mais para "sobrar" a fim de perpetuar a espécie. 
"Ambos os fêmures que nós analisamos vieram de alguns dos maiores carnívoros, fisicamente falando, presente em ambas as localidades. Ainda assim eles eram alvo de outros carnívoros da região, especialmente dos fitossaurídeos," diz Drumheller. "Portanto, tamanho não pode ter sido o único fator que determinava quem estava no topo da cadeia alimentar."
Pessoalmente eu creio que realmente, devido à falta de herbívoros os carnívoros não se davam ao luxo da escolha e atacavam qualquer animal que pudesse virar uma presa, até mesmo outros carnívoros de grande porte.



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