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terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Triássico

Triássico Superior na América do Norte: Coelophysis no centro
© William Sillin

O Triássico é um dos 3 períodos da Era Mesozóica e o mais antigo deles, sendo que marca o surgimento dos dinossauros e é sobre este período que pretendo explicar um pouco nesta postagem. Não posso dar detalhes de todos os aspectos de um período, mas vou tentar abordar de forma abrangente o clima, fauna e flora, organização geográfica dos continentes entre outros assuntos, que você confere expandindo a postagem.



Nada melhor do que começar pelo começo não é? Então por isso resolvi postar primeiro sobre o período que começa a Era Mesozóica e antes de mais nada, vamos saber onde surgiu esse nome.
Em 1834 Friedrich Von Alberti resolveu criar um nome que definisse um certo conjunto geológico que observou na Alemanha e no noroeste da Europa, que era composto de 3 camadas, uma de arenito fluvial vermelho, seguida por outra de calcário marinho e mais uma de evaporitos e arenitos continentais. Ele agrupou as 3 camadas em um conjunto e devido ao número escolheu o nome Trias para designar as formação a partir da palavra latina Trias = Tríade ou Conjunto de Três, que posteriormente viria a ser chamada como Triássico.
Friedrich Von Alberti

© Domínio Público

Há cerca de 253 milhões de anos os seres vivos desfrutavam da vida no período Permiano, com plantas diversas espalhadas pelo planeta e animais estranhos como anfíbios gigantes e répteis assustadores. Mal sabiam que seu fim chegaria "em breve", e como era inevitável, por volta de 251 milhões de anos uma enorme catástrofe provocou uma extinção em massa, a maior já vista até hoje, destruindo por em torno de 95% da vida do planeta. Aí começou o Triássico, que se estendeu até cerca de 199 milhões de anos atrás, quando outra extinção em grande escala marcou o fim do período. Porém, como sabemos não há como determinar com exatidão quando começa e quando termina um período e a margem de erro é de alguns milhões de anos, por isso, dependendo da fonte consultada, o início do período pode ser datado em alguns milhões de anos a mais ou a menos do que 251 milhões de anos, podendo ocorrer o mesmo com a data do fim do período. Um exemplo é a diferença entre a data que apresentei acima e a data estimada apresentada no site da Faculdade de Geologia (FGEL), que fica em 248,2 milhões de anos para o início do Triássico, terminando em 205,7 milhões de anos.

Sabe-se que houve uma extinção ao fim do Triássico porque encontraram na África rochas que datam da fronteira entre o Triássico e o Jurássico, que vou chamar aqui de Fronteira T-J, que demonstram a ocorrência de um evento de extinção em escala global. Como a África estava, no começo da Era Mesozóica, ligada aos outros continentes formando a Pangea, e por isso continha uma fauna similar às de outros locais, dominada por terópodes, prossaurópodes e ornitisquianos, podemos dizer que a extinção abrangeu todo o supercontinente. Fósseis do fim do Triássico são encontrados através de toda a África, mas são bem mais comuns no sul que no norte. É preciso estudar mais a fundo estas rochas para mais detalhes, inclusive a data mais precisa possível da extinção, mas como não há estudos em andamento a respeito disto, só podemos esperar.

O Triássico se divide em três épocas, sendo estas denominadas Triássico Inferior, Triássico Médio e Triássico Superior, da mais antiga para a mais recente respectivamente. Cada uma destas épocas se subdivide em estágios ou idades. O Triássico Inferior é divido em 2 estágios, sendo que o mais antigo e que inicia a Era Mesozoica é o Induano, que começa há 251 milhões de anos e vai até 249 milhões de anos atrás, quando começa o segundo estágio, chamado Olenekiano, indo até 245 milhões de anos que é quando termina o Triássico Inferior.
O Triássico Médio começa há 245 milhões de anos, com o estágio Anisiano, que durou até 237 milhões de anos atrás, quando dá lugar ao estágio Ladiniano, que por sua vez perdura até 228 milhões de anos atrás finalizando esta época.
É por volta de 228 milhões de anos que começa o Triássico Superior, que divide-se em 3 estágios, sendo o primeiro deles o Carniano, de 228 milhões de anos até 216 milhões de anos aproximadamente, sendo sucedido pelo Noriano, que vai até 203 milhões de anos. Começando há 203 milhões de ano atrás, tem início o Rhaetiano, que vai até 199 milhões de anos atrás, fechando o Triássico e iniciando o Jurássico.
Para entender melhor observe a imagem abaixo. Temos em tamanho reduzido no canto esquerdo a tabela Mesozoica que uso em postagens no blog e à frente uma aproximação do período Triássico. Observe que quanto mais acima na tabela, mais recente é a época. Para ver melhor você pode aumentar a imagem clicando nela e perceberá detalhadamente a posição do Triássico na Era Mesozóica.
Divisão do período Triássico
© Blog do Ikessauro

A terra durante o Triássico era diferente, pois não havia continentes separados, mas sim um único super continente, que chamamos de Pangaea, ou simplesmente Pangea, cujo nome significa "Toda a Terra", derivando do Grego arcaico Pan = inteiro + Gaia (usada na versão latina Gaea) = Terra. Ao redor deste imenso bloco de terra havia o Panthalassa, do Grego "Todo o Mar", que era o único oceano existente, cobrindo todo o resto do planeta. Para ter uma noção da forma do continente, vou utilizar uma interessante analogia usada no site Palaeos. Eles comparam o formato do continente com aquele personagem antigo de velhos vídeos games, o Pac Man (em alguns lugares no Brasil chamado de Come-come até onde sei). Pangea tinha esta forma e ficava no centro do globo, na linha do equador e no lado leste havia um golfo (que seria a boca do Pac Man) que era ocupado pelo Mar de Tethys (ou Tétis), mar este que posteriormente causou a separação da Pangea em Gondwana e Laurásia quando o super continente começou a se rachar ao meio. Hoje o Mar de Tétis é o Mar Mediterrâneo. A parte do solo que ficava no oceano aberto, longe do continente, foi praticamente destruída através da subdução das placas onde estavam as camadas sedimentares destes locais. Subdução é quando uma placa tectônica se choca contra outra e acaba sendo empurrada para baixo desta. Desta forma, não podemos pesquisar a fundo e por isso pouco se sabe sobre essa região.
Triássico Superior - Pangea: parece um Pac Man deformado
© Dr. Ron Blakey
O super continente Pangea já estava rachando durante o Triássico, especialmente no final do período, mas ainda não havia nem um trecho de terra separado, com exceção de ilhas muito pequenas ao redor da costa da Pangea. Os primeiros sedimentos não marinhos encontrados na área da rachadura que marca a primeira divisão da Pangea, que separou New Jersey do Marroco, são datados do Triássico.
Para entender melhor como se sabe que foi no Triássico que a divisão começou, imagine as camadas sedimentares como uma pilha de tábuas. Quando fazemos a pilha, colocamos uma tábua no chão, e outra em cima desta, e outras sucessivamente. Sempre que segue-se este padrão de organização a tábua que está no topo terá sido colocada a menos tempo. Com as rochas sedimentares ocorre o mesmo padrão, pois com o passar do tempo, uma camada de solo endurece e vira pedra, depois acima dela surge novo ecossistema e nele novos sedimentos são acumulados, formando outra camada.
Agora tente imaginar o seguinte: você deixou as suas tábuas no quintal amontoadas e choveu, molhando apenas algumas tábuas que estavam na parte superior da pilha. Depois você foi lá e começou a remover as tábuas molhadas uma a uma, até encontrar a primeira tábua seca. Se trocarmos as tábuas pelas camadas sedimentares e a chuva pelo ambiente marinho, temos uma boa comparação.
Foi isso que os paleontólogos fizeram, escavaram o solo, camada por camada e perceberam que todas as primeiras camadas de determinado local tem indícios de organismos marinhos e que estas camadas foram formadas por sedimentos naturalmente encontrados na água. Depois das camadas com sedimentos marinhos, a primeira camada "seca" encontrada é datada do Triássico e isso indica que depois da formação das rochas desta camada de ambiente terrestre, o continente concluiu uma parte da divisão e deixou que o mar adentrasse no local, formando a partir daí todas as camadas acima são "molhadas".
A maior parte dos raros sedimentos marinhos do Triássico são encontrados no oeste da Europa, pois como toda a terra estava em um único bloco, não havia mar entre partes do continente e não houve como o fundo do mar ser elevado acima do nível do mesmo durante a separação continental. Pense da seguinte forma: hoje encontramos depósitos marinhos porque os sedimentos que o formam eram partes do fundo do oceano, que ao baixar o nível de água expôs o tal solo submarino que tornou-se uma camada de rocha, fora da água. Isso ocorre geralmente em trechos de mar que ficam entre dois continentes e como no Triássico existia apenas um, não havia como ocorrer tal processo em grande escala, embora ocorresse em pequenos trechos da região litorânea da Pangea, por isso são tão escassos sedimentos marinhos do Triássico.
Na América do Norte os depósitos marinhos desta época são bem mais raros raros, limitados a alguns trechos no oeste. A maioria destas análises foram baseadas em fósseis de crustáceos e alguns outros organismos que viveram em lagoas e ambientes de água salgada.


O clima era diferente também, comparado ao atual, pois era quente, o que tornava o ar seco em regiões longe de fontes de água, como o centro do continente. Isso criava planícies desérticas com poucas plantas e pouca água. Acreditam os especialistas que as estações eram bem definidas, divididas em um verão muito quente e um inverno muito frio. O clima nos pólos era o oposto de hoje, pois era uma região úmida e temperada. Jamais encontraram traços da presença de gelo em nenhum dos pólos, inclusive encontraram fósseis da região, rochas como evaporitos entre outros depósitos com animais e outros seres vivos fósseis que provam a presença de um ecossistema próprio para répteis.
O calor favoreceu a formação de rochas sedimentares como arenito vermelho, composto de areia e também a formação de evaporita, rochas criadas a partir da evaporação da água salgada.
A taça de arenito do parque Vila Velha no Paraná
©
Mario Sergio de Melo

O clima na Pangea era mais ameno e tropical nas regiões litorâneas, porém a maioria dos cientistas concorda que o interior deveria ser quente, seco e desértico, afirmando isso com base no que se observa na Austrália hoje, que é uma ilha enorme, sendo que no interior da mesma há muito deserto e solo descampado, enquanto que nas regiões costeiras há mais florestas. Acredita-se que haviam monções fortes que ficavam cruzando o equador na época. O grande tamanho da Pangea limitava o efeito de moderação do oceano global. 
Era neste ambiente que viveram plantas e animais diversos, dos quais podemos definir três categorias de organismos: os que sobreviveram à extinção do Permiano, os novos grupos que surgiram mas logo desapareceram e outros novos grupos que se desenvolvera para dominar o mundo durante o Mesozoico. É sobre estes seres vivos que tentarei explicar agora.

As plantas do Triássico eram uma mistura de novos grupos com tipos sobreviventes da extinção do Permiano. As Licófitas (Lycophytes), também conhecidas como Lycopodiophytas ou Lycopsidas, plantas sem sementes ou flores que reproduzem-se por esporos, são estranhas e algumas eram gigantes. As maiores plantas deste grupo chegaram a mais de 30 metros durante o Carbonífero e Permiano, sendo que as remanescentes que seguiram Triássico adentro não eram muito grandes.
Lycopodiella: uma Licófita atual
© Alan Cressler

As Cicadáceas eram abundantes na época, tornaram-se dominantes em diversos locais e tipos de ecossistema. As cicadáceas são plantas espermatófitas, ou seja, reproduzem-se por sementes e se parecem com uma palmeira de tronco curto. Outras espermatófitas da época eram os Ginkgos, com pelo menos 7 variedades existentes, dentre as quais o ainda vivo hoje Ginkgo biloba.

Cicadácea atual
Diego Singh/Multimeios/SEED
Cicadácea atual e seu cone

© Rae Allen


A espermatófitas, ou plantas com semente, também vieram para dominar a flora terrestre, principalmente em ambientes mais áridos, onde outras plantas tinham dificuldades de sobreviver, sendo que no hemisfério norte, coníferas (pinheiros) surgiram.
Diversas Coníferas
© Uwe Hacke, University of Utah
Como o clima variava de região para região, as plantas variavam e como naquele período a área que hoje conhecemos como Groenlândia estava quente e úmida, havia ali uma grande floresta, como visto a seguir.
Leste da Groenlândia no Triássico Superior

© Marlene Hill-Donnelly/The Field Museum
Glossopteris era a árvore dominante no hemisfério sul durante o Triássico Inferior, seus fósseis foram encontrados em diversos locais, todos concentrados no que era a Gondwana, incluindo América do Sul, Austrália e África.

Reconstrução da Glossopteris
© Rose Prevec

No geral, podemos dizer que no norte havia predominância de ginkgos, samambaias arborescentes e o solo era recoberto por samambaias rasteiras. Na região central da Pangea o clima mais quente e desértico só permitia o desenvolvimento de coníferas e cicadáceas de forma espaçada. Ao sul, na região que tornaria-se Gondwana o solo era coberto por fetos, como o Lepidopteris e árvores maiores, como Dicroidium.
Flora do Triássico Superior da Austrália: Dicroidium, Araucárias, Cicadáceas, Licópodas, Cylomeias, Ginkgófitas e fetos arbóreos
©
Karen Carr
Fauna Marinha

Como dito anteriormente, as áreas de mar aberto não deixaram muitos vestígios devido à subdução das placas tectônicas da região e por isso sabemos quase nada sobre animais destas áreas, que devem ter sido raros, pois como sabemos, depois da extinção do Permiano poucas espécies restaram no planeta e estas foram responsáveis por repovoar o mundo todo.
No oceano novos tipos de corais apareceram no Triássico Inferior, formando pequenos conjuntos de recifes, porém pequenos se comparados aos grandes corais do Devoniano ou dos recifes atuais. Os Amonites, moluscos do grupo dos cefalópodes, quase desapareceram na extinção em massa, mas se recuperaram, diversificando-se a partir de uma única linhagem que havia sobrevivido.
Psiloceras pacificum: uma espécie de Amonite
©
Mary Sundstrom
A fauna de peixes era notavelmente uniforme, refletindo o fato de que muito poucas famílias destes animais sobreviveram à extinção do Permiano.
Não havia muitos tipos de répteis marinhos, mas entre os existentes na época estavam os da superordem Sauropterygia, que compõe-se de Pachypleurossauros e Nothossauros, ambos comuns durante o Triássico Médio, especialmente na região do Mar de Tethys. Outros da mesma superordem eram os Placodontes, que tinham dentes em forma de placas largas, e os primeiros Plesiossauros, além de répteis do grupo Thalattosauria.

Nothosaurus: um Sauropterígio
© Vladimir NikolovHenodus: parece uma tartaruga, mas é um placodonte
© National Geographic

Não devemos esquecer dos altamente bem sucedidos Ictiossauros, os quais apareceram nos mares do Triássico Inferior e logo se diversificaram, alguns inclusive chegando a tamanhos extremos, como o Shonisaurus.
O gigantesco Shonisaurus: o maior dos Ictiossauros
©
Felipe Alves Elias



A extinção do Permiano devastou a vida terrestre também, mas a biodiversidade renasceu, porém estes novos animais não dominaram a terra por muito tempo, pois acabaram extintos em alguns milhões de anos sem evoluir muito. O planeta levo pelo menos 30 milhões de anos para se restabelecer, com comunidades biológicas normais, com relações entre presa e predador, produtor (plantas) e consumidor.
Anfíbios Temnospôndilos, também denominados Temnospondyli, estavam entre os grupos sobreviventes da última extinção, algumas linhagens, como os Trematossauros, surgiram brevemente no Triássico Inferior, enquanto outros, como os Capitossauros, permaneceram vivendo com sucesso através de todo o período. Por outro lado, alguns como os Plagiossauros e Metopossauros só obtiveram bom desenvolvimento no fim do período.
Paracychotosaurus: um anfíbio Temnospôndilo
©
Dmitry Bogdanov
Como alguns outros tipos de anfíbios, os primeiros Lissanfíbios, caracterizados pelos primeiros sapos, são conhecidos do Triássico Inferior, mas o grupo como um todo não era comum até o Jurássico, quando os Temnospôndilos já tornavam-se raros.

Metoposaurus diagnosticus: um anfíbio Temnospôndilo
© Dmitry Bogdanov

Répteis arcossauromorfos, especialmente Arcossauros, substituíram os Sinapsídeos com o passar do tempo, acabando com a maioria destes animais que tinham dominado o Permiano. Entretanto Cynognathus foi um predador máximo característico no início do período, durante o Olenekiano e Anisiano na região de Gondwana, e tanto os Dicinodontes kannemeyriídeos quanto os Cinodontes gomphodontes eram importantes herbívoros durante grande parte do período.

Cynognathus: predador importante no Triássico Inferior

Lystrosaurus: um dicinodonte kannemeyriídeo
© Vladimir Nikolov
No fim do Triássico, Sinapsídeos eram mais raros. Durante o Carniano, alguns Cinodontes avançados originaram os primeiros mamíferos.

Ao mesmo tempo o grupo Ornithodira, que até então era pequeno e insignificante, evoluíram em Pterossauros e uma variedade de dinossauros. Temos diversos indícios que os dinossauros surgiram por volta de 230 milhões de anos na América do Sul, a partir de fósseis de animais como o Eoraptor e Herrerasaurus da Argentina e o Staurikosaurus do Brasil.
Staurikosaurus: o terópode brasileiro é um dos primeiros dinossauros
© Nobu Tomura

Os Crurotarsi eram outros arcossauros importantes, e durante o fim do Triássico também alcançaram uma grande diversidade, com vários grupos incluindo os Phytossauros, Aetossauros, diversas linhagens de Rauisuchia e os primeiros crocodilianos, o Sphenosuchia.

Prestosuchus: pertence à subordem Rauisuchia

© Felipe Alves Elias

Por enquanto os robustos herbívoros Rincossauros e os Prolacertiformes insetívoros ou piscívoros de pequeno a médio porte eram grupos de arcossauromorfos basais importantes durante boa parte do Triássico.
Entre outros répteis estavam as primeiras tartarugas, como Proganochelys e Proterochersis, que apareceram durante o Noriano. Os Esphenodontes são os primeiros animais do grupo dos Lepidossauromorfos a serem conhecidos do registro fóssil, datando do Carniano.

Outro importante grupo de répteis foi o Procolophonidae, répteis herbívoros semelhantes aos lagartos que tinham tamanho pequeno. Os arcossauros foram inicialmente mais raros que os terapsídeos que tinham dominado os ecossistemas terrestres do Permiano, mas eles começaram a tomar o lugar deste terapsídeos no Triássico Médio. Essa substituição pode ter contribuído para a evolução dos mamíferos por forçar os terapsídeos sobreviventes e seus sucessores mamaliformes a viver como pequenos animais, predominantemente noturnos e insetívoros, o que forçou estes mamaliformes a desenvolver pelo e taxas metabólicas mais altas.
Atualmente vários locais abrigam sítios fossilíferos importantes datados do Triássico, entre estes está a América do Norte com o terópode Coelophysis, o rauisuchio Postosuchus e o estranho Arizonasaurus entre outros animais marinhos e terrestres, assim como Pterossauros e dinossauros herbívoros diversos. Na Europa foram encontrados animais marinhos como diversos ictiossauros, e outros mais, como o estranho Tanystropheus. Na África temos a presença de Lystrosaurus, dinossauros Ornitópodes como o Lesothosaurus entre outros. Na América do Sul a Argentina tem grande número de animais conhecidos deste período, como o Herrerasaurus e o Eoraptor, assim como diversos répteis dicinodontes entre outros.
Lesothosaurus
©
Loana Riboli

No Brasil também são conhecidos cinodontes e terópodes como o Staurikosaurus e o prossaurópode Unaysaurus entre outros animais primitivos, como o rauisuchio Prestosuchus.

O Triássico terminou com uma extinção em massa, que foi particularmente severa nos oceanos. Os conodontes desapareceram, e todos os répteis marinhos, exceto os Ictiossauros e Plesiossauros foram extintos também. Invertebrados como braquiópodes, gastrópodes e moluscos foram seriamente afetados. Nos oceanos, 22% das famílias e possivelmente metade dos gêneros marinhos foram exterminados de acordo com o paleontólogo Jack Sepkoski, da Universidade de Chicago.
Imagina-se que o evento da extinção T-J não foi tão devastador em nenhum ecossistema terrestre, e embora importantes clados de Crurotarsi tenham desaparecido, assim como a maioria dos grandes anfíbios labirintodontes, grupos de pequenos répteis e alguns sinapsídeos (exceto pelos proto-mamíferos).

Alguns dos primeiros dinossauros primitivos também foram extintos, mas outros dinossauros mais adaptáveis sobreviveram para evoluir no Jurássico. Plantas sobreviventes que seguiram em frente para dominar o mundo mesozóico incluíam coníferas modernas e alguns tipos de cicadáceas. A causa da extinção do Triássico é desconhecida, mas sabemos que foi acompanhada por enormes erupções vulcânicas que ocorreram quando a Pangea começou a se dividir há cerca de 202 a 191 milhões de anos, e uma prova disto é a Província Magmática no Atlântico Central, uma formação rochosa de origem vulcânica, formada neste que foi oum dos maiores eventos vulcânicos continentais conhecidos deste o resfriamento e estabilização do planeta.
Outra causa possível porém improvável para a extinção inclui resfriamento global ou até mesmo
o impacto de um aerólito, o que foi sugerido a partir da descoberta de uma cratera de impacto no Canadá, que hoje é ocupada pelo Lago Manicouagan, que a partir da forma original da cratera tornou-se quase perfeitamente redondo, tendo uma ilha em seu centro, que faz o lago ter um formato de anel.
Lago Manicouagan visto do alto

© NASA

Entretanto, na cratera de Manicouagan foram realizadas pesquisas que mostraram a data do impacto, que ocorreu por volta de 214 milhões de anos, enquanto que a fronteira T-J está datada em 201 milhões de anos aproximadamente.
Ambas as datas estão sendo cada vez mais exatas devido ao uso de datação radiométrica, em particular a diminuição de urânio em relação à porcentagem de chumbo nos zircões formados pelo impacto. Então a evidência sugere que este impacto ocorreu cerca de 10 milhões de anos antes do fim do Triássico, então isso pode não ter sido a causa direta da extinção em massa que se observa na época.

O número de extinções no Triássico Superior é debatido, com alguns estudos sugerindo que houveram pelo menos duas extinções, com intervado de 12 a 17 milhões de anos entre elas. Mas um estudo recente sobre faunas norte americanas traz argumentos contra isso. Na floresta petrificada do nordeste do Arizona há uma única sequência de sedimentos terrestres do Carniano e início do Noriano. Uma análise em 2002 não encontrou mudanças significantes de paleoambiente
Phytossauros, os fósseis mais comuns ali, só experimentaram mudanças em nível de gênero, e o número de espécies permaneceu o mesmo. Alguns aetossauros, os também comuns tetrápodes, e dinossauros primitivos, continuaram sem alterações. No entanto, ambos os phytossauros e aetossauros estavam entre os grupos de répteis arcossauros completamente devastados no evento T-J.
Então parece que houve algum tipo de extinção, quando vários grupos de arcossauromorfos herbívoros morreram, enquanto os grandes terapsídeos herbívoros, os dicinodontes kannemeyriídeos e cinodontes traversodontes, foram muito reduzidos na metade norte da Pangea. Estas extinções menores no Triássico permitiram que os dinossauros se expandissem em muitos nichos que ficavam desocupados. Dinossauros começaram a tornar-se dominantes, abundantes e diversos, e permaneceram neste caminho pelos próximos 150 milhões de anos.

Fontes

  • Wikipedia - The Free Enciclopedia - Triassic
  • Wikipedia - The Free Enciclopedia - Pangaea
  • Wikipedia - A Enciclopédia Livre - Triássico
  • Wikipedia - A Enciclopédia Livre - Extinção do Permiano - Triássico
  • FGEL - Faculdade de Geologia
  • UCMP - The Triassic Period
  • NORMAN, David. Atlas do Extraordinário: A era dos dinossauros. Vol. 1. Madri: Ediciones del Prado, 1995.
  • LAMBERT, D;NAISH, D; WYSE, E. Enciclopédia dos dinossauros e da vida pré-historica. Ciranda Cultural, 2003.
  • 4 comentários :

    Unknown disse...

    Está simplesmente fantástico a matéria sobre o período Triássico!!

    Unknown disse...

    Concordo, está bem completa a reportagem. Sugiro arrumar na segunda figura do Staurikosaurus, que no fundo tem um rincossauro, e não Lystrosaurus, cujo registro aqui no RS é em outra formação, e um pouco duvidoso...

    Patrick disse...

    Oi Atila
    Já editei a legenda da figura. Obrigado pela dica, é bom ter algum profissional da área dando sugestões e comentando por aqui, me ajuda a melhorar o blog.

    UNIVERSO CURIOSO disse...

    seu Blog ficou muito legal