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domingo, 14 de março de 2010

Documentário sobre fósseis do Cariri está sendo gravado

Peixes da Formação Romualdo
© Divulgação

Pra alegria geral da nação brasileira pesquisadores estão gravando um documentário sobre os fósseis do Brasil, especificamente da Formação Romualdo! Calma lá, não venha esperando animações em computação gráfica ultra realistas em cenários incríveis com um Angaturama perseguindo uma presa ou pterossauros cruzando os céus. Pelo que entendi, o documentário mostrará paleontólogos em trabalho de campo, coletando fósseis, o que não torna o projeto menos importante, além de alguns outros aspectos que você confere no resto da postagem.

Segundo o que foi divulgado, o intuito dos pesquisadores é tornar o acesso à informação sobre fósseis e outros aspectos da paleontologia mais fácil por meio do filme, pois este mostraria ao público em geral como é feito o trabalho de coleta dos fósseis, os problemas enfrentados, a importância de preservar o material, tudo em linguagem simples que torna a compreensão possível a praticamente todos os públicos, de todas as idades.
O filme chamado "Formação Romualdo, um Milagre Paleontológico", deve durar cerca de 45 minutos e contará com gravações feitas em escavações, entrevistas e explicações feitas por paleontólogos, descrições da vida e ambiente do Cretáceo.

Mas o que ganhará mais destaque serão os fósseis da região, extremamente bem preservados, geralmente mantidos com a forma original em 3D. O organizador do projeto é Álamo Feitosa, doutor em Paleontologia pela Universidade Regional do Cariri (Urca), que afirma ter iniciado este trabalho por observar que jamais fora feito um trabalho assim sobre fósseis do Cariri e que os poucos filmes ou reportagens que mencionam o local não mostram como é o trabalho real ali realizado. Feitosa deseja mostrar tudo de forma realista, como as coisas realmente ocorrem e escolheu a Formação Romualdo, que fica em um estrato da Chapada do Araripe, porque ali existem muitos fósseis de diversos tipos de animais preservados em 3D, ou seja, o animal quase que não se decompôs. Segundo Álamo, ele viu peixes ali escavados que poderia dizer que morreram há pouco tempo, de tão completos que estão.
Escavação na Formação Romualdo
©
Divulgação

Como este documentário será um bom apelo ao público leigo em assuntos paleontológicos, Álamo sugere que um ótimo começo é divulgar a produção nas escolas locais, pois muitas crianças convivem em regiões com grande concentração de fósseis e tem pais que trabalham na mineração, ou seja, seu contato com o material fóssil é grande, porém não possuem grandes conhecimentos a respeito do que é e qual a importância destes restos petrificados.
Muitos moradores da região acabam entrando no tráfico de fósseis porque necessitam do dinheiro para se manter e vendem peças de grande valor científico por baixos preços, sem imaginar que estão indo contra leis nacionais e contra a ciência. Além disso, enquanto nós perdemos a chance de estudar espécimes magníficos, nossos fósseis são vendidos por milhares de dólares no exterior. Assim, o documentário procura alertar moradores da região sobre o tráfico, para que estes evitem a prática de comércio de ossos.
Para colaborar neste ponto, foram convidadas dois ex-traficantes de fósseis, que hoje lutam pela preservação dos mesmos. Um deles, Bonifácio Malaquias Ferreira, está estudando biologia e irá, juntamente com o outro sujeito, dar entrevistas contando de suas experiências, mostrando que não vale realmente a pena vender nosso patrimônio fóssil.

A intenção é fazer um lançamento na exposição do Crato, em um estande da Urca que terá uma sala de cinema. Bantim afirma que é bom variar e ter um material deste tipo, que une fotografia e material escrito, tudo mostrado em vídeos que deverão ser traduzidos para outras línguas para exibição nos geoparks do mundo, na Europa e China, pois existe uma rede global de geoparks, da qual o Geopark Araripe é integrante.

Um dos mais importantes paleontólogos brasileiros, Alexander Kellner, especialista em Pterossauros, estará participando do documentário, dando entrevistas sobre suas pesquisas em fósseis da região, ressaltando a importância deste material proveniente do Araripe para a ciência.
Alexander Keller gravando uma entrevista
© Divulgação

Ele afirma que a boa preservação dos fósseis em 3 dimensões é o que torna o trabalho interessante, permitindo estudos detalhados da aparência e funcionalidade do esqueleto dos pterossauros. Outro fato que Kellner relembra é o de que alguns fósseis nem chegaram a ser compactados, ou seja, não foram"amassados" e isso permite análises de morfologia funcional, que é a análise do formato dos ossos, o tamanho exato e sua ligação com os demais ossos do esqueleto e qual o movimento que tais características permitem. Esse tipo de estudo em pterossauros só é possível quando usamos material da Formação Romualdo, destaca Kellner.
Alexander afirma que os pterossauros da região têm importância mundial, pois existe relações de parentesco entre animais brasileiros e da África, assim como relação com exemplares da China.
Animais encontrados também da Mongólia e Inglaterra mantém certo parentesco com animais do Araripe, pertencentes ao grupo dos anhanguerídeos.
Os paleontólogos, inclusive Kellner, agora buscam determinar qual a relação exata entre estes animais tão parecidos encontrados em diversos locais do mundo. E por último e com certeza muito importante, vale mencionar que diversos fósseis da região do Cariri foram encontrados preservando tecido mole, inclusive fibras musculares e vasos sanguíneos, o que é raro ocorrer em qualquer parte do mundo.

Eu com certeza pretendo adquirir este documentário caso seja disponibilizado em DVD, pois desta forma adquiro conhecimento e ainda estarei contribuindo financeiramente com a paleontologia do país. Seria interessante se mais documentários fossem feitos abordando animais pré-históricos brasileiros, pois muitas pessoas nem sabem que no Brasil também existiram dinossauros e tudo mais e isso serviria para aproximá-los da ciência. Vamos torcer que nos próximos anos apareçam mais projetos interessantes como este.

Fonte

3 comentários :

Latinium disse...

Você tem toda a razão Ikessauro, quando diz que no Brasil existem poucos documentários, eu diria ""zero"" (o áspas e a palavra são inteiramente minhas), e o que percebo é que no Brasil, precisa ter, nascer, não sei direito, mas alguém que faça muita publicidade em cima dos nossos fósseis; pôxa ne recordo que quando (posso estar enganado) o Valoroso cientista Carl Sagan publicou o seu documentário sobre Cosmos nos U.S.A e mundo afora, os homens que trabalham com a divulgação cinematográfica viram o quanto poderiam ganhar em dinheiro com a diversificação do Conhecimento Científico em todas as área -- Astronômia, Paleontologia, História, etc... Eu vou mais longe, gerou toda uma diversificada indústria do emprego e o mais importânte de tudo, o Conhecimento Científico sobre a Pré-Historia foi amplamente divulgado e todas as pessoas puderam saber mais sobre este lindo repertória de nossa história planetária.

Obrigado,
Gilberto

joao vinicius disse...

eu acho q a coisa mais parecida com um documentario de dinos aki no brasil foi um globo reporter falando sobre dinos

Roberto Ricart disse...

E aí, que fim levou esse documentário?