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sexta-feira, 2 de abril de 2010

Alimentação forçou evolução da cabeça do Diplodocus

Diplodocus adulto e Juvenil (acima)
© Mark A. Klingler/Museu Carnegie de História Natural

Pesquisadores do Museu Carnegie de História Natural encontraram entre os fósseis da coleção do museu um crânio de um Diplodocus juvenil que muda todo nosso modo de ver este animal. Tal fóssil está lá desde sua descoberta em 1921 e só foi mencionado, ainda que brevemente, em um artigo em 1924 e desde então ficou armazenado por mais de 80 anos, guardando informações importantes que agora foram finalmente percebidas. Veja mais sobre o estudo no resto do artigo.

O paleontólogo do Museu Carnegie Matthew Lamanna e seu time de pesquisadores perceberam que o fóssil era interessante e resolveram estudá-lo e acabaram fazendo uma importante descoberta. Sem dúvidas o crânio é de um Diplodocus, mas é diferente do de um animal adulto e isso nos leva a construir um novo conceito da aparência dos jovens animais desta e talvez de outras espécies.
Segundo detalhes do fóssil, o crânio dos filhotes era estreito e focinho pontudo e apresentava olhos maiores em relação ao tamanho da cabeça que aprece ser menor. Os Diplodocos adultos tinham cabeça mais larga e um focinho quadrado, muito diferente das crias. Os pesquisadores acreditam que isso seja uma característica natural, com base em animais atuais, cujos filhotes tem mesmo cabeças diferentes da de adultos. Além disto, mamíferos atuais de focinho estreito conseguem selecionar melhor a comida e pegar pedaços melhores e mais nutritivos, enquanto que animais de focinho largo não conseguem desenvolver esta habilidade e comem de tudo, engolindo o que entrar na boca.
Com os dinossauros deveria ocorrer algo semelhante, pois é importante que animais jovens comam alimentos melhores para se desenvolver melhor e além disso, competição por alimentos é algo sério e pode abalar qualquer ecossistema. Por isto é importante que cada grupo animal tenha hábitos alimentares de um tipo, pois se todos comem a mesma coisa, falta comida. Decerto que saurópodes comiam plantas diferentes das escolhidas por estegossauros e ceratopsídeos e assim sucessivamente.
Sendo o Diplodocus um dinossauro de baixa capacidade de raciocínio, seu cérebro não se desenvolveu e a cabeça evolui de forma pequena, com foco na sua função principal, que é comer. Para evitar que os saurópodes adultos e filhotes disputassem a mesma comida, os pequenos mantinham cabeças de forma diferente para comer plantas diferentes e assim evitavam a disputa de alimento diretamente.
À medida que o Diplodoco ia amadurecendo, seu crânio crescia e tornava-se adaptado a comer plantas variadas e tornava-se capaz de processar o alimento da forma que estivesse, comendo galhos, folhas etc, sem escolher que partes ia devorar.
O artigo sobre esta descoberta foi publicado no “Journal of Vertebrate Paleontology” e mostra dados que permitem elaborar uma nova e completa perspectiva de como os animais deviam ser em diferentes pontos das suas vidas.
Frente a esta nova evidência, Lamanna lembra que devemos ressaltar a importância dos museus e suas coleções para a paleontologia, pois fósseis são frágeis e valiosos e cuidar destes custa tempo, dinheiro e empenho e por isso devíamos estar gratos aos museus e suas equipes pelo trabalho que fazem, pois graças à estes cuidados é que fósseis importantes como este crânio podem ser um dia estudados. Se não houvesse um museu para cuidar destes tesouros naturais, toda a informação contida nos ossos seria perdida para sempre.

Fontes

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