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quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

The Link - O Elo: descobrindo nosso mais antigo ancestral (2009)

© The History Channel

Este documentário foi produzido pelo The History Channel este ano, com base na pesquisa elaborada sobre o fóssil apelidado de Ida (se desejar, veja a notícia publicada aqui), cujo nome científico é Darwinius masillae. O primata estava sendo considerado um ancestral do ser humano e por isso o documentário foi intitulado como "The Link" (O Elo), mas alguns pesquisadores dizem agora que o animal é apenas um lêmure. Bem, leia o resumo abaixo, veja fotos e se necessário veja o documentário para tirar suas próprias conclusões. Basta expandir a postagem para ver o texto completo.

Jorn Horum, um paleontólogo da Universidade de Oslo na Noruega, foi à Alemanha para procurar fósseis interessantes na tradicional feira de minerais e fósseis que lá ocorre anualmente.
Logo foi convidado por um estranho para tomar um café e na hora já percebeu que não era algo comum, sabia que o estranho teria algo interessante para oferecer a ele. Na feira, os fósseis realmente bons, bem conservados ou raros, não são mostrados, mas sim vendidos clandestinamente em reuniões particulares com paleontólogos e colecionadores milionários.

O fóssil de Ida
© The History Channel
O desconhecido conta a Horum que tem um fóssil bem interessante à venda e agendam um encontro para ver o espécime. Jorn vai preparado, gravando a reunião e o fóssil, para registrar o primeiro encontro que terá com a peça e para ter como provar a existência do mesmo, caso precise mostrar a alguém.
O fóssil de Ida
© The History Channel

À primeira vista, Jorn já percebe o quão incrível e raro deve ser aquele fóssil, aparentemente um mamífero, primata, preservado impecavelmente em uma placa de rocha que foi inserida em uma chapa de material sintético que protege o fóssil de maneira incrível.
O vendedor dá o preço, mais de 1 milhão de dólares, o que é uma fortuna considerável, a qual Jorn Horum não tem, mas precisará conseguir se quiser levar o fóssil para estudo. Porém, primeiro ele precisa avaliar a veracidade, autenticidade da peça e faz isso analisando o interior do osso por meio de radiografias, pois pode-se alterar o exterior do osso para fazer este parecer diferente, mas a sua estrutura interna é inalterável, cada tipo de osso tem uma estrutura específica no interior.
Jorn Horum no Museu de História Natural
© The History Channel

Depois de constatar que o fóssil é realmente autêntico, Horum levou 6 meses para arrecadar fundos e efetuar a compra do material, mas conseguiu, ainda bem, pois caso contrário a peça poderia ficar na coleção particular de um colecionador por muito tempo e o mundo não saberia da existência desta magnífica peça. Na realidade este fóssil já ficou no anonimato por tempo demais, porque o seu descobridor, encontrou-o na Alemanha, em um local conhecido como Messel Pits (Os Poços de Messel), na década de 1980 e o levou para casa, onde fez todo o processo de preservação do animal com a resina sintética para mantê-lo em sua coleção por anos, como se fosse uma obra de arte natural, que ele via todo dia, mas ninguém no mundo sabia que existia.
Agora o fóssil acabou indo parar no mercado negro de fósseis e para a sorte da paleontologia o sortudo paleontólogo norueguês estava no local e hora certa para receber a oferta de compra e conseguiu assim, resgatá-lo, a altos custos é verdade, mas conseguiu.
Ele logo percebeu que aquele animal era incrivelmente antigo e bem preservado, mais que 95% de seu corpo se conservou na rocha, e que a tarefa de estudá-lo teria que ser muito bem elaborada, por profissionais competentes. Assim, ele que não é especialista em primatas, resolveu chamar uma "equipe dos sonhos", composta só pelos melhores e mais renomados paleontólogos da área e assim convidou Holly Smith, uma paleontóloga especialista em antropologia dentária da Universidade de Michigan, Jens Lorenz Franzen, um especialista em primatas antigos, Philip Gingerich, especialista no estudo de mamíferos do Eoceno e na busca de elos entre mamíferos antigos e modernos. Posteriormente Jorg Habersetzer, do Instituto de Pesquisa Senckenberg se juntou ao grupo e assim a pesquisa foi realizada, em total sigilo, sem que ninguém além deles soubessem do que se tratava a pesquisa, que durou cerca de dois anos.
© The History Channel

Análises do corpo levaram os cientistas a definir o animal como um lêmure antigo, com idade estimada em 47 milhões de anos atrás, período Eoceno e ainda Jorn conseguiu analisar o sexo do animal, que pela falta de um osso chamado báculo, acabou sendo definido como uma fêmea.
De acordo com estudos dos dentes realizados pela Drª Holly Smith, o animal comia folhas e frutos, complementando a dieta talvez com insetos e também descobriu-se a idade do bicho pela análise dentária, idade esta estimada em apenas 6 meses de vida.

Com base na idade do lêmure, os estudos foram se aprofundando e Jorn acabou apelidando o animal de Ida, o nome de sua filha, com a aprovação da equipe, pois é como se esta primata não fosse mais bebê, mas nem adulta, o que em humanos equivaleria às idades entre 6 e 12 anos.
Análises do conteúdo do estômago, que também foi preservado, mostraram resquícios de plantas e sementes e estudos na anatomia resultaram na concepção da locomoção do animal e no modo como morreu. No Eoceno, havia atividade vulcânica grande naquela região e Messel Pits era um grande lago, muito fundo, surgido em uma cratera formada de explosões de magma, ou seja, uma espécie de vulcão e este ecossistema abrigava diversos animais.
Formação do Poço de Messel © The History ChannelCobra encontrada em Messel Pits: um exemplo da fauna local
© The History Channel

Estudando o pulso de Ida, notou-se que ela deve ter fraturado o mesmo e ao crescer, este ficou defeituoso. Os paleontólogos afirmam que provavelmente Ida foi beber água no lago e devido a concentração alta de um tipo de gás ela acabou perdendo a consciência e caiu no lago, onde afogou-se e seu corpo ficou sepultado, por 47 milhões de anos. Como o lago era muito fundo, pouco havia de oxigênio nas partes mais baixas e por isso as bactérias não atuaram, decompondo o corpo, que ficou excepcionalmente bem preservado.
No fim, surgiu a hipótese de que Ida é na verdade um primata ancestral do homem, dos chimpanzés e gorilas, o que seria ótimo para explicar a evolução da nossa própria espécie.

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