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sexta-feira, 30 de abril de 2010

Similicaudipteryx mudava de aparência ao crescer

Reconstrução do jovem e do adulto
© Xing Lida/Song Qijin
Fósseis que mostram detalhes de uma espécie de dinossauro em diversos estágios da vida, ou seja, exemplares de idades variadas, levaram os paleontólogos a perceber que o pequeno terópode mudava um pouco de aparência ao crescer, pois suas penas iam mudando com o tempo. O artigo sobre a descoberta está na revista Nature, publicada por pesquisadores chineses. Veja mais sobre esta novidades no resto da postagem.

Dois espécimes do dinossauros nomeados Similicaudipteryx foram recuperados, sendo um deles um jovem adulto e outro um animal mais jovem, "adolescente". Ambos são integrantes do grupo dos Oviraptorssauros e indicam que ao crescer a maturidade alterava os traços de sua plumagem, algo não visto em pássaros hoje. Segundo Xing Xu, do Instituto de Paleontologia de Vertebrados e Paleontropologia de Beijing, o animal mais jovem tem penas de voo bem estranhas, que ele define como bizarras, enquanto que os adultos são diferentes.
As penas das "asas" e cauda do dinossauro adulto se assemelham a canetas de pena, apresentando um eixo central mais grosso que atravessa toda a extensão da pena. Por outro lado, as penas do exemplar juvenil tem um ramo central achatado como uma fita só na base, tendo a ponta mais parecida com penugens finas. O mais jovem também tinha penas das asas menores que as da cauda, mas essa diferença de tamanho é menos notável no exemplar adulto.
Esses fósseis de 125 milhões de anos estão expandindo nosso conhecimento sobre a evolução das penas disse Xu. Os espécimes foram coletados por fazendeiros locais na China, na Formação Yixian, localizada no oeste de Liaoning, datada do Cretáceo Inferior.
Os paleobiologistas dizem que se essa interpretação dos fósseis é correta, pode ser a primeira vez que um dinossauro juvenil mostra que apresentava penas diferentes das que possuía um adulto da mesma espécie. Os "Pássaros modernos não fazem esta transição", diz Mike Benton da Universidade de Bristol, no Reino Unido. Com exceção dos recém nascidos, que apresentam penas em forma de penugem, todos os outros estágios do crescimento de aves atuais são caracterizados pelo mesmo tipo de penas de voo."
© Zheng Xiaoting
Esse artigo marca o primeiro passo na tentativa de descomplicar a evolução das sequências do desenvolvimento entre aves e seus ancestrais." Mas alguns ornitólogos e biologistas especializados em desenvolvimento e que estudam penas estão tentando definir se as penas com ramo em fita são uma característica de exemplares juvenis ou se são apenas traços da época de transição de um animal filhote coberto de penugem para um adulto com plumas bem formadas.
"Penas são complicadas," disse o ornitologista Richard Prum, da Universidade de Yale em New Haven, Connecticut. Quando aves regeneram suas penas, as novas crescem em uma espécie de rolo, como uma bainha. Prum diz que as penas fósseis do dinossauro mais jovem podem demonstrar a etapa em que tais penas estão saindo da "bainha", como ocorre com os pássaros atuais na muda de penas.Mas Xu continua afirmando que seu achado não é uma preservação de morfologia temporária, ou seja, de características corporais temporárias, pois as proporções das penas mostrariam que o animal não estava apenas trocando de penas, ele era assim.
Se o juvenil estivesse simplesmente em período de muda, ele apresentaria a parte em forma de fita das penas em tamanho mais curto. "Se nós dermos a eles o benefício da dúvida," diz o biologista de desenvolvimento Cheng-Ming Chuong da Universidade da Califórnia do Sul, em Los Angeles, "isso seria a primeira demonstração de que esses dinossauros com penas poderiam passar por mudanças de plumagem durante a vida."Usando o trabalho de Prum, Chuong e outros, Xu e seus colegas afirmam que as penas com haste em fita e ponta em penugem poderiam ser resultado de atraso na manifestação em um gene que é ativado mais cedo nas aves modernas."Dinossauros já vinham testando penas e estruturas semelhantes por um período de pelo menos 25 milhões de anos antes destes animais," diz Philip Currie, um paleobiologista especializado em dinossauros da Universidade de Alberta, em Edmonton - Canadá. "O que é maravilhoso sobre esse artigo é que ele nos dá dicas sobre o desenvolvimento que podem forçar paleontologistas, ornitologistas e biologistas de desenvolvimento a reconhecer que há um amplo campo de possibilidades em vez de definir uma única e simples explicação."


Fonte


quinta-feira, 15 de abril de 2010

Dinossauros de King Kong

Recebi diversas perguntas de visitantes sobre os dinossauros do filme King Kong (2005) e resolvi esclarecer alguns pontos de uma vez por todas nesta postagem. Os dinossauros mostrados no filme são fictícios, ou em palavras mais simples, falsos, inventados, "de mentira" etc. São baseados em animais reais, como o Vastatossauro rex, que foi copiado do Tiranossauro rex, porém a anatomia não está correta e os animais tem aparência e nome muito diferentes dos reais. Não existe fóssil de Vastatossauro!
A ideia do diretor do filme foi criar animais parecidos com os conhecidos para habitarem a Ilha da Caveira. Estes animais seriam espécies novas que evoluíram a partir dos animais como T.rex, Apatosaurus (Brontosaurus) entre outros, que ficaram isolados na ilha e pelo isolamento, evoluíram adaptando-se ao ecossistema do local, tornando-se os animais mostrados no filme.
Espero ter esclarecido isso para os visitantes que ainda tinham dúvida. Acho que em um futuro próximo irei postar com mais detalhes sobre o filme mais recente do gorilão e falo sobre cada um dos bichos.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Australopithecus sediba: um novo fóssil transicional ou apenas mais um hominídeo? [update 13/04/10]

Crânio fóssil do A. sediba
© Brett Eloff
Matthew, um garoto filho do paleoantropólogo Lee Berger ajudava seu pai em uma escavação na África e fez uma descoberta interessante. O garoto olhava nas redondezas e voltou ao pai e disse "Dad, I've found a fossil" (Pai, eu achei um fóssil). Ao examinar o que ele encontrara os pesquisadores perceberam que era parte de um hominídeo pré-histórico de pelo menos 2 milhões de anos. Essa interessante descoberta rendeu à paleontologia e paleoantropologia um novo animal, que pode ser um ancestral do homem moderno, cujos detalhes você confere no resto desta postagem.


A caverna em que estava o fóssil foi descoberta em 2008 de forma um tanto inusitada, pois a região já era antes explorada por paleontólogos, porém tais cavernas nunca haviam sido encontradas, até que um dos cientistas resolveu usar o Google Earth, um software desenvolvido pela Google que usa os satélites da empresa para fotografar o globo terrestre do espaço e com acesso às imagens em alta resolução foi possível perceber que havia ali uma caverna e que poderia haver fósseis ainda a serem desenterrados. Obviamente que não dá pra perceber que há um fóssil no solo usando o Google Earth, que aliás pode ser usado por qualquer pessoa com computador e acesso à internet, mas dá para detalhar o tipo do terreno e a geografia e topografia local e com base nisso podem saber se o solo é propício ou não à formação de fósseis. Se for este o caso, os pesquisadores anotam as coordenadas exatas do local e começam um "pente fino" no sítio e foi exatamente isso que aconteceu nesta caverna, situada na África do Sul, em Malapa.
Crânio fóssil do A. sediba
©
Brett Eloff

O achado na verdade compõoe-se de dois indivíduos de uma nova espécie de hominídeo, batizada de Australopithecus sediba, com idade aproximada de 1,9 milhões de anos, sendo que um deles é um menino de 11 ou 12 anos, segundo a estimativa e uma mulher entre 20 e 30 anos.
Um estudo publicado como matéria de capa da revista Science mostra que este hominídeo é provavelmente um descendente de Australopithecus africanus e como muitos hominídeos apresenta uma mistura de características de primatas primitivos e modernos.
© Science
Os dentes pequenos, nariz projetado, pélvis bem avançada e longas pernas são traços de hominídeos modernos, enquanto que os braços longos e pequena cavidade cerebral que não abrigava um cérebro maior que um terço do tamanho do nosso, são características primitivas. O menino teria cerca de 1,30 metros de altura e aparentemente morreu na caverna procurando por água. Pode ser que o outro esqueleto, da fêmea adulta, fosse da mãe do menino. Segundo a pesquisa estes hominídeos podiam caminhar eretos como nós, mas com braços longos podiam também escalar e balançar nas árvores, e há material coletado que pode, ou não, ser exemplares de ferramentas usadas por estes mamíferos. Na mesma caverna foram encontrados outros animais, incluindo felinos dentes de sabre, cavalos extintos, hienas pré-históricas e cães selvagens. Isso ajuda a justificar o nome dado à caverna, que em inglês é Death Shaft, que quer dizer algo como "Fosso da Morte".

Embora nunca tenham conseguido extrair DNA de restos fósseis com mais de 10 mil anos, os cientistas estão fazendo tudo o que podem para retirar qualquer possível vestígio de material genético dos esqueletos. O diferencial neste exemplar de primata é que existem poucos exemplos de hominídeos datados de aproximadamente 2 milhões de anos e por isso esse fóssil serve como mais um elo da corrente evolutiva, preenchendo uma lacuna temporal antes vazia. Mas ainda resta uma dúvida aos pesquisadores: este animal é uma espécie transicional, popularmente e incorretamente denominados elos perdidos, ou é apenas mais um exemplo de humanóide primitivo? Só o tempo e muita pesquisa poderão esclarecer.
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Informação adicionada dia 13 de abril de 2010.
Uma análise no crânio do hominídeo por meio de um exame chamado microtomografia sincrotrônica de raio-X, teste este que que permite aos cientistas ver o interior de um bloco de rocha em escala microscópica sem ter que partir o mesmo em pedaços, o que no caso de fósseis seria inaceitável. Para surpresa dos pesquisadores foram encontrados traços do tecido mole do cérebro dos primatas dentro do crânio. Além deste, foram analisados outros ossos e dentes e até insetos fósseis surgiram, o que talvez prove que os hominídeos morreram e o cadáver foi devorado pelos insetos.


quinta-feira, 8 de abril de 2010

Fóssil indica que Velociraptor era carniceiro

Velociraptor roendo a carcaça
© Brett Booth
Paleontólogos sempre imaginaram como um predador se comportava, se preferia caçar ou comer presas já mortas há algum tempo que encontrava pelo caminho. Alguns dinossauros parecem ter comido o que capturavam e um dos terópodes cuja capacidade predatória nunca foi subestimada é o Velociraptor. Um de seus fósseis foi encontrado agarrado ao esqueleto de um Protoceratops e pesa posição nota-se claramente que um feria o outro como podia. Mas agora cientistas encontraram provas de que este pequeno caçador era também um carniceiro oportunista e você pode ficar sabendo todos os detalhes lendo toda a postagem.



Ao escavar os restos de um grande Protoceratops na Mongólia Interior - China, paleontólogos encontraram estranhas marcas nos ossos da mandíbula do herbívoro e entre os ossos dois dentes de um dinossauro predador, supostamente do Velociraptor. Os dentes combinam com o formato das marcas no osso do animal vegetariano e isso deixou os pesquisadores intrigados.
Porque um Velociraptor iria caçar um animal e tendo a carcaça inteira à sua disposição morderia a mandíbula, que não tem obviamente, muito músculo para ser devorado, quando poderia atacar o abdômem ou o dorso que é muito mais carnoso. E o mais estranho é que para morder o osso e arranhá-lo a ponto de quebrar dois dentes ele deferia morder com força, a não ser que já não houvesse quase nada de carne sobre o osso. Foi então que perceberam que o herbívoro já estava morto quando o raptor aproximou-se e mordeu sua carcaça, já há tempos em decomposição.
Mas se em 1971 foi encontrado o Velociraptor lutando com o Protoceratops, fóssil apelidado de "dinossauros lutadores", qual era o verdadeiro hábito alimentar deste bicho? Ele caçava ou comia restos? A resposta é: ambos!
Ele deve ter sido um bom caçador, comendo até presas maiores e mais pesadas que ele, como um Protoceratops, mas como todo bom carnívoro, não desperdiçaria uma refeição fácil e se cruzasse com uma carcaça ainda com um pouco de carne, com certeza aproveitaria e trataria de comer um pouco.
Se por um lado este novo achado do Cretáceo Superior em Bayan Mandahu, prova que ele era carniceiro, a descoberta dos dinossauros lutadores pode ser interpretada de duas maneiras. A cena pode ser vista como um ataque comum do "V.raptor" ao ceratopsiano, como se representasse uma rotina em que o carnívoro sempre atacava esta espécie. Mas também podemos imaginar que o encontro entre ambos os dinossauros foi inesperado e um "desentendimento" entre ambos provocou uma luta em que ambos morreram, de forma ainda não determinada.
Entretanto a publicação do achado recente no periódico Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology, sugere que o maniraptor deveria alimentar-se periodicamente do dinossauro de chifres, tanto caçando quanto comendo carniça. O Dr. David Hone da Academia Chinesa de Ciências de Beijing e seu colega Dr. Jonah Choiniere originalmente encontraram uma massa de ossos erodidos de Protoceratops e entre estes haviam dois dentes muito semelhantes aos do Velociraptor.

Junto com o Choiniere e Hone, os pesquisadores Dr. Corwin Sullivan e Dr. Mike Pittman, analisaram os fósseis e as marcas de mordidas. O grupo descobriu que os ossos foram roídos e as marcas de dentes combinam com os dentes encontrados junto à presa.

Com base em todos estas evidências os cientistas acreditam que estes pequenos caçadores comiam os animais tanto recentemente caçados quanto em decomposição e isto também é observado em carnívoros atuais, como os desde Leões a Chacais. "É uma questão de hierarquia, classe" disse Hone. "Leões geralmente caçam, Chacais na maior parte comem carniça".
Animais maiores tendém a caçar, enquanto os mais fracos ficam com restos de carcaça, mas não é por isso que suprimem o instinto de predador. Assim como os maiores eles caçam e matam as presas, se necessário em grupo, como devem ter agido os raptores.
Mesmo um predador extremamente eficiente, que está no topo da cadeia alimentar do seu nicho, não irá dispensar comida fácil e se encontrar uma carcaça, sem dúvidas vai aproveitar!

Fonte

terça-feira, 6 de abril de 2010

Âmbar preserva material orgânico e inseto

Formiga
© Alexander Schmidt/PNAS
Pesquisadores encontraram um depósito raro de âmbar, pedra formada por seiva de árvores endurecida, na região de Debre Libanos, no noroeste da Etiópia em rochas de 95 milhões de anos atrás, ou seja, do Cretáceo. O interessante nestes exemplos de âmbar é que em nove pedras foram encontrados 30 espécimes de animais invertebrados e plantas. Se quiser ver mais sobre a descoberta leia o texto completo.

Os insetos encontrados são diversos, como vespas e formigas, contendo exemplares da superclasse Hexapoda, integrantes de 13 famílias, das seguintes ordens: Collembola, Psocoptera, Hemiptera, Thysanoptera, Zoraptera, Lepidoptera, Coleoptera, Diptera e Hymenoptera. Já entre os aracnídeos temos aranhas e ácaros.
Diversos animais encontrados no âmbar
© PNAS

Tais animais, além de plantas, foram encontradas distribuídos em nove pedras de âmbar, totalizando pelo menos 30 espécimes de seres vivos, que são muito importantes para compreendermos melhor o ecossistema do Cretáceo daquele local. Além dos insetos, como dito, haviam restos de plantas e fungos que parasitavam plantas, além de vestígios bactérias e o Zorapteran, um raro inseto daquela época.
Planta
© Alexander Schmidt/PNAS
Segundo o que Alexander Schmidt e seus colegas anunciaram no estudo publicado na Revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), estes fósseis permitirão entender onde e quando surgiram estas linhagens de organismos. Os fósseis incluem até indícios de interações entre plantas, artrópodes e fungos em um período de transição entre um tipo de ecossistema terrestre para outro, porque nesta época as angiospermas, ou plantas com flores, estavam se espalhando pelo planeta.
Colêmbolo
©
Alexander Schmidt/PNASFalsa Vespa Fada (Vespa Parasita)
©
Alexander Schmidt/PNAS

Todos estes elementos orgânicos ajudam os pesquisadores a traçar um esboço de como eram as florestas do Cretáceo e a fauna que ali vivia, o que colabora para a compreensão de como ocorreu a evolução no Gondwana, porque antes deste achado, os restos de micro-fauna do supercontinente sulino eram raros. Comparando com a estrutura química da seiva de árvores de outras regiões, o âmbar parece ser semelhante ao âmbar encontrado em locais da República Dominicana e México, no entanto estes exemplos de âmbar americano não são tão antigos quanto o africano.
Âmbar
© PNAS/ Matthias Svojtka

Fontes

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Alimentação forçou evolução da cabeça do Diplodocus

Diplodocus adulto e Juvenil (acima)
© Mark A. Klingler/Museu Carnegie de História Natural

Pesquisadores do Museu Carnegie de História Natural encontraram entre os fósseis da coleção do museu um crânio de um Diplodocus juvenil que muda todo nosso modo de ver este animal. Tal fóssil está lá desde sua descoberta em 1921 e só foi mencionado, ainda que brevemente, em um artigo em 1924 e desde então ficou armazenado por mais de 80 anos, guardando informações importantes que agora foram finalmente percebidas. Veja mais sobre o estudo no resto do artigo.

O paleontólogo do Museu Carnegie Matthew Lamanna e seu time de pesquisadores perceberam que o fóssil era interessante e resolveram estudá-lo e acabaram fazendo uma importante descoberta. Sem dúvidas o crânio é de um Diplodocus, mas é diferente do de um animal adulto e isso nos leva a construir um novo conceito da aparência dos jovens animais desta e talvez de outras espécies.
Segundo detalhes do fóssil, o crânio dos filhotes era estreito e focinho pontudo e apresentava olhos maiores em relação ao tamanho da cabeça que aprece ser menor. Os Diplodocos adultos tinham cabeça mais larga e um focinho quadrado, muito diferente das crias. Os pesquisadores acreditam que isso seja uma característica natural, com base em animais atuais, cujos filhotes tem mesmo cabeças diferentes da de adultos. Além disto, mamíferos atuais de focinho estreito conseguem selecionar melhor a comida e pegar pedaços melhores e mais nutritivos, enquanto que animais de focinho largo não conseguem desenvolver esta habilidade e comem de tudo, engolindo o que entrar na boca.
Com os dinossauros deveria ocorrer algo semelhante, pois é importante que animais jovens comam alimentos melhores para se desenvolver melhor e além disso, competição por alimentos é algo sério e pode abalar qualquer ecossistema. Por isto é importante que cada grupo animal tenha hábitos alimentares de um tipo, pois se todos comem a mesma coisa, falta comida. Decerto que saurópodes comiam plantas diferentes das escolhidas por estegossauros e ceratopsídeos e assim sucessivamente.
Sendo o Diplodocus um dinossauro de baixa capacidade de raciocínio, seu cérebro não se desenvolveu e a cabeça evolui de forma pequena, com foco na sua função principal, que é comer. Para evitar que os saurópodes adultos e filhotes disputassem a mesma comida, os pequenos mantinham cabeças de forma diferente para comer plantas diferentes e assim evitavam a disputa de alimento diretamente.
À medida que o Diplodoco ia amadurecendo, seu crânio crescia e tornava-se adaptado a comer plantas variadas e tornava-se capaz de processar o alimento da forma que estivesse, comendo galhos, folhas etc, sem escolher que partes ia devorar.
O artigo sobre esta descoberta foi publicado no “Journal of Vertebrate Paleontology” e mostra dados que permitem elaborar uma nova e completa perspectiva de como os animais deviam ser em diferentes pontos das suas vidas.
Frente a esta nova evidência, Lamanna lembra que devemos ressaltar a importância dos museus e suas coleções para a paleontologia, pois fósseis são frágeis e valiosos e cuidar destes custa tempo, dinheiro e empenho e por isso devíamos estar gratos aos museus e suas equipes pelo trabalho que fazem, pois graças à estes cuidados é que fósseis importantes como este crânio podem ser um dia estudados. Se não houvesse um museu para cuidar destes tesouros naturais, toda a informação contida nos ossos seria perdida para sempre.

Fontes