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segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Ninhadas de dinossauro são encontradas na Ásia

Nidificação de Therizinossaurídeos
© Masato Hattori
Frequentemente ouvimos falar da épica expedição na qual pela primeira vez encontraram ovos de dinossauros. Isso foi em 1924, no Deserto de Góbi, na Mongólia. A expedição de Roy Chapman Andrews encontrou ovos bem preservados nos arenitos e isso provou que dinossauros realmente punham ovos. Recentemente pesquisadores encontraram novos ovos em uma região do mesmo deserto, mas a novidade é que parecem ser de um grupo de dinossauros diferentes do anterior. Os ovos parecem ser de therizinossaurídeos, aqueles estranhos animais com corpo atarracado, longo pescoço e garras dignas do mutante Wolverine. Clique no botão "Leia Mais" e saiba mais sobre esse achado!


Na verdade dizer que são absolutamente ovos de Therizinossaurídeos é especulação exagerada, pois não foram encontrados fósseis de embriões dentro dos ovos. Mas vamos entender o que é que levou os pesquisadores a suspeitar que esses ovos pertencem aos dinos mencionados. 
O paleontólogo Yoshitsugu Kobayashi, da Universidade de Hokkaido no Japão e que participou do estudo disse que encontraram pelo menos 17 ninhos em uma área de nidificação (colônia de ninhos), o que faz dela a maior já encontrada de dinos terópodes não avianos, se os ovos provarem ser dos therizinossaurídeos, além de ser a mais bem documentada.  O estudo foi apresentado na conferência do 73º encontro anual da Sociedade de Paleontologia de Vertebrados.
Apesar de serem membros do grupo de dinossauros carnívoros denominados Terópodes, que inclui os famosos tiranossaurídeos, esses bichos eram herbívoros.Eles também possuíam enormes garras nos três dedos da mão que poderiam ter sido usadas para agarrar galhos de árvores e colher plantas de que se alimentavam, de forma similar ao que os pandas fazem com os bambus hoje.
O achado sugere que essas criaturas estranhas era animais sociais. Os Therizinossaurídeos, que viveram há cerca de 70 milhões de anos, possuíam enormes barrigas redondas, pernas curtas e grossas, pescoço longo e uma cabeça pequena que lembra a de uma tartaruga, além de possuir um bico.
Kobayashi e seus colegas descobriram os ninhos enquanto estavam no sul da Mongólia em 2011. No último dia da viagem eles decidiram deixar a área onde estavam escavando, que era conhecida por apresentar ossos de therizinossaurídeos e em vez disso examinar outra área próxima.
"Não existem muitos ossos nessa formação, então nós não esperávamos encontrar nada bom," contou Kobayashi. À medida que o sol se punha, um guia chamou atenção para uma casca de ovo e a equipe em breve encontrou uma área de nidificação bem próximo de onde estava seu carro. Mais investigação revelou quatro outros ninhos. No ano seguinte, eles retornaram e escavaram um total de 17 ninhos, um conjunto de 75 ovos.
Os ovos eram redondos com cerca de 13 cm de diâmetros e tinham cascas ásperas no lado externo. Baseado na análise do tamanho desses ovos e das espécies encontradas na região, o grupo concluiu que são ovos dos bizarros therizinossaurídeos. Os animais teriam cerca de 99 quilos quando adultos.

Ninho fóssil
© Yoshitsugu Kobayashi

Nenhum dos ovos apresentou embrião, no entanto muitos deles tinham buracos nas cascas com fragmentos de casca dentro dos ovos, como se o bebê tivesse quebrado a casca ao eclodir e derrubado restos dela dentro do ovo ao sair dele. A presença de cascas indica que de fato a maioria dos filhotes eclodiram e saíram dos ninhos. Tal achado, por sua vez, indica que os adultos devem ter cuidado dos ovos para protegê-los de predadores, afirma Kobayashi.
O achado reforça a noção de que os therizinossaurídeos eram animais sociais que viviam juntos em grupos. A diretora do Laboratório de Paleontologia e Geologia do Museu de Ciências Naturais da Carolina do Norte, Lindsay Zanno, deu sua opinião mesmo não participando da pesquisa. O que ela diz é que "nós temos um registro intrigante de evidências que sugere congregações de therizinossaurídeos". Ainda complementa que "encontramos vários sítios de morte em massa", disse Zanno. Ela provavelmente fala de outros achados de grande quantia de dinossauros no mesmo local, não especificamente do grupo supostamente relacionado aos ovos, mas que de qualquer modo permitem fazer inferências neste caso. Ela ainda fala que o que nos resta analisar e debater é o que isso representa em termos de ecologia, entender se eles viviam em bandos ou só se reuniam periodicamente para reprodução. Por enquanto, Zanno diz que o achado só permite deduzir que os dinos se reuniam na época reprodutiva, não se pode saber mais que isso.
Eu como mero curioso e interessado na área posso dizer que de fato não se pode apressar as coisas, fazer inferências em algumas evidências para deduzir algumas peças faltantes do quebra cabeças é viável, o problema é quando começamos a exagerar e a tomar certos aspectos como certezas. A mídia como um todo divulgou esse achado, os ovos em questão, como sendo de fato pertencente ao grupo dos therizinossaurídeos, quando na realidade não se sabe com certeza. Procurei aqui ressaltar como é que se chegou a esta conclusão, mas se há algo que a história e o tempo nos mostram é que frequentemente a paleontologia precisa se corrigir.
Os famosos ovos de Protoceratops encontrados há tanto tempo no deserto de Gobi acabaram se mostrando outro mito, porque no final das contas muitos deles foram identificados mais tarde como ovos de Oviraptor ou Citipati se não me engano, com embriões para comprovar essa hipótese. Apesar de que seria impressionante e importantíssimo encontrar mais informações sobre os therizinossaurídeos, não devemos dar um passo maior que a perna.






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